Papa Francisco, após apelo a Putin, Rússia se abre ao diálogo

Foto: Vatican Media

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

05 Mai 2022

 

O sinal do embaixador russo junto à Santa Sé após a conversa de Francisco com o Corriere. O homogêneo ucraniano: forte mensagem do Pontífice - “Eu também sou um padre, o que posso fazer? Eu faço o que eu posso. Se Putin abrisse a porta ...”. As palavras ao Corriere do Papa com dor, que sofre pelo joelho e pelo destino do mundo, tocaram muitos corações e talvez abriram algumas brechas.

 

A reportagem é de Fabrizio Caccia, publicada por Corriere della Sera, 04-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Parar a guerra na Ucrânia é sua ideia desde o início. "Mas primeiro tenho que ir a Moscou, primeiro tenho que me encontrar com Putin", disse Francisco ao diretor Luciano Fontana.

 

E a primeira resposta chegou ontem mesmo, de bem perto, da via della Conciliazione número 10, a sede do embaixador russo no Vaticano, Aleksandr Avdeev, que declarou ao repórter Sergey Startsev da agência de notícias Ria Novosti: "Em qualquer situação internacional, o diálogo com o Papa é importante para Moscou. E o Pontífice é sempre um interlocutor bem-vindo, desejado”.

 

Palavras até afetuosas. Em suma, não chegou um "niet" nem um silêncio ensurdecedor de Moscou. Pelo contrário, parece um ponto de partida.

 

O embaixador ucraniano junto à Santa Sé, Andrii Yurash, por outro lado, mostrou-se muito mais cético: “Uma mensagem significativa do Santo Padre. É uma pena, porém, que Putin seja surdo não apenas ao nobre pedido de Bergoglio, mas também à voz de sua própria consciência. Consciência? Mencionei algo que não existe ...”.

 

“A entrevista do Papa é importante, bela - diz o secretário do Partido Democrata, Enrico Letta - e sua disposição de dar um passo em direção à paz e tentar convencer quem é a causa da guerra acredito que seja a escolha certa. Espero que ele consiga!”.

 

Também o líder da Liga, Matteo Salvini, ficou muito impressionado com o grito de Francisco: "Agradeço ao Santo Padre não como chefe espiritual, mas como chefe de Estado - observa Salvini - porque ele está raciocinando com lucidez, sabedoria, prudência como chefe de estado".

 

Por outro lado, é crítico Mons. Dionísio Lachovicz, Exarca Apostólico, ponto de referência para os católicos ucranianos na Itália: o anúncio do Papa "já provocou fortes reações de descontentamento entre os ucranianos", pois o Santo Padre estaria exposto a "enganos e exploração dos russos. Mas Francesco Bonini, reitor da Lumsa e especialista em diplomacia vaticana, já vê além: um encontro em Moscou entre Putin e Bergoglio, mas não sozinhos, “trata-se de abrir uma frente de paz”.

 

As premissas existem: “Acredito que a ideia do encontro é vista positivamente pelo presidente Putin”, explica Paolo Pezzi, arcebispo de Moscou e presidente dos bispos católicos da Federação Russa. No entanto, Alexsandr Dugin, ideólogo próximo do Kremlin, não acredita nisso: “O que o Papa lhe diria? Parem tudo! Mas Putin já sabe disso...”. Por outro lado, o padre Alex Zanotelli, ícone do movimento pacifista arco-íris desde o G8 em Gênova, confidencia a Francisco: “O Papa - diz ele - está tentando todas as cartadas para parar a guerra. Ele é o único que poderia conseguir”.

 

Leia mais