03 Mai 2022
A reportagem é publicada por Religión Digital, 03-05-2022.
O papa Francisco revelou que pediu para viajar a Moscou para se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, para pedir-lhe que pare a guerra na Ucrânia, mas ainda não recebeu resposta, em entrevista publicada hoje pelo jornal "Corriere della Sera".
O papa explicou que, embora tenha falado com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, ainda não falou com Putin, de quem recebeu uma ligação em dezembro para comemorar seu aniversário e que, após 20 dias de guerra, pediu ao cardeal secretário de Estado Pietro Parolin, que enviará ao presidente russo a mensagem de que estava pronto para ir a Moscou.
"Claro, foi necessário que o líder do Kremlin permitisse abrir algumas janelas. Ainda não recebemos uma resposta e continuamos insistindo, embora tenha medo de que Putin não possa e não queira ter este encontro agora", disse o pontífice.
Enquanto no momento ele enfatizou que não irá para a Ucrânia: "Sinto que não tenho que ir. Primeiro tenho que ir a Moscou, primeiro tenho que me encontrar com Putin. Mas sou padre, o que posso fazer? Faço o que posso. Se Putin abrir a porta...", avançou.
Segundo o Corriere della Sera, a preocupação do Papa Francisco é que Putin, por enquanto, não pare.
Sobre o papel da OTAN neste conflito, o papa afirma que não sabe se a "raiva" de Putin foi causada pela presença da Aliança Atlântica às portas da Rússia, mas acredita que "facilitou".
Sobre se é legal que os países enviem armas para a Ucrânia para se defenderem contra a invasão, o papa não diz que não é capaz de responder e acrescentou: "Estou muito longe da questão de saber se é correto fornecer armas aos Ucranianos. O que está claro é que as armas estão sendo testadas naquela terra. Os russos agora sabem que os tanques são de pouca utilidade e estão pensando em outras coisas . As guerras são travadas para isso: testar as armas que produzimos".
Segundo Francisco, "foi o caso da Guerra Civil Espanhola antes da Segunda Guerra Mundial".
"O comércio de armas é um escândalo, poucos se opõem a isso. Há dois ou três anos chegou a Gênova um navio carregado de armas que tiveram que ser transferidas para um grande cargueiro para transportá-las ao Iêmen. Os trabalhadores portuários não quiseram fazê-lo. Eles disseram: vamos pensar nas crianças do Iêmen. É uma coisa pequena, mas um gesto bonito. Deveria haver tantos assim", acrescentou.
O pontífice negou que o chefe da Igreja Ortodoxa Russa, Patriarca Kirill, pudesse colaborar em convencer Putin a parar a guerra porque, na videoconferência com ele, "nos primeiros vinte minutos ele me leu todas as justificativas para a guerra".
"Eu tinha um encontro marcado com Kirill em Jerusalém em 14 de junho. Seria nosso segundo cara a cara, nada a ver com a guerra. Mas agora ele também concorda que o encontro pode ser um sinal ambíguo", explicou.
Ele também revelou que em seu recente encontro com o presidente húngaro, Victor Orban, assegurou-lhe que os russos "têm um plano e que em 9 de maio tudo estará acabado".
"Espero que sim, para que também entendamos a velocidade da escalada nos dias de hoje. Porque agora não é apenas Donbass, é a Crimeia, é Odessa, está tirando o acesso da Ucrânia ao Mar Negro, só isso. Estou pessimista, mas devemos fazer todos os gestos possíveis para parar a guerra", enfatizou.
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Francisco pretende se encontrar com Putin, mas “temo que ele não queira esse encontro agora” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU