29 Março 2021
O pontífice inaugurou o 92º ano judicial do Tribunal Estadual da Cidade do Vaticano. Cerimônia que contou também com a presença do presidente do Conselho de Ministros italiano, Mario Draghi, que pela primeira vez se encontrou com Bergoglio na função de primeiro-ministro.
A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada por Il Fatto Quotidiano, 27-03-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Exorto a todos, para que as iniciativas recentemente lançadas e as que deverão ser realizadas para a absoluta transparência das atividades institucionais do Estado do Vaticano, especialmente no campo econômico e financeiro, sejam sempre inspiradas nos princípios fundadores da vida eclesial e, ao mesmo tempo, tenham em devida conta os parâmetros atuais e as 'boas práticas' a nível internacional, e pareçam exemplares, como se exige de uma realidade como a Igreja Católica”. Isso foi reiterado pelo Papa Francisco ao inaugurar o 92º ano judicial do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano. Cerimônia que contou com a presença do presidente do Conselho de Ministros italiano, Mario Draghi, que pela primeira vez se encontrou com Bergoglio na função de primeiro-ministro.
Enquanto a Santa Sé, e em particular a Secretaria de Estado, estão abalados com as recentes investigações financeiras com as responsabilidades ainda sendo examinadas pelos magistrados do Vaticano, o Papa destacou que as recentes modificações legislativas por ele introduzidas “poderão propiciar uma mais fecunda incidência na medida em que serão acompanhadas por novas reformas no âmbito penal, especialmente para o combate e repressão de crimes financeiros, e pela intensificação de outras atividades destinadas a facilitar e agilizar a cooperação internacional entre órgãos de investigação vaticanos e instituições equivalentes de outras nações, bem como as iniciativas da Polícia Judiciária do nosso Estado”.
Para Francisco, de fato, “parece agora que não seja mais adiável a identificação e introdução, por meio de normas ou protocolos de entendimento específicos, novas e mais incisivas formas de cooperação, assim como é solicitado por instituições de vigilância dos mercados financeiros ativas em âmbito internacional. Nesse contexto, espero que em breve se chegue a uma interlocução ao nível competente, a fim de tornar a colaboração mais rápida e eficaz. Os resultados alcançados até à data encorajam-nos a dar continuidade ao trabalho desenvolvido, a superar práticas que nem sempre vão ao encontro das exigências de rapidez demandas pelas dinâmicas investigativas”.
Bergoglio também ressaltou que, dentro da Igreja, “todos os titulares de cargos institucionais” devem ter “uma conduta que, ao mesmo tempo em que denota uma mudança de postura efetiva, onde necessário, em relação ao passado, também seja irrepreensível e exemplar para o presente e para o futuro. Neste ponto, em perspectiva, será necessário ter em conta a necessidade prioritária de que, também através de alterações normativas oportunas, o atual sistema processual demonstre a igualdade entre todos os membros da Igreja e sua igual dignidade e posição, sem privilégios que remontem a outros tempos e não mais em consonância com as responsabilidades que a cada um competem na edificação da Igreja. Isso requer solidez de fé e coerência de comportamento e ações. Nessa perspectiva e com tais fins, o fato de sermos marginais na dinâmica das relações econômicas não nos isenta, quer como comunidade de fiéis quer como pessoas, de um particular dever de testemunho”.
Por fim, para o Papa, todos são “chamados a testemunhar, de forma concreta e credível, nas respetivas funções e tarefas, o imenso patrimônio de valores que caracteriza a missão da Igreja, sendo 'sal e luz' na sociedade e na comunidade internacional, especialmente nos momentos de crise como os atuais. Exorto-vos - concluiu Francisco - a refletir sobre o fato de que, realizando seu trabalho oculto e paciente no dia a dia, vocês oferecem uma preciosa contribuição para que a Igreja, neste pequeno estado da Cidade do Vaticano, possa dar um bom exemplo do que ensina em seu magistério social".
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Apelo do Papa Francisco: “Transparência nas atividades do Vaticano, especialmente nos campos econômico e financeiro” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU