11 Setembro 2020
"Chegou a hora de fortalecer a solidariedade da UE na gestão do asilo e da migração". Assim se manifestou ontem o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, comentando a notícia do terrível incêndio que destruiu o campo de refugiados de Moria, na ilha grega de Lesbos, sem causar vítimas.
A reportagem é publicada por L'Osservatore Romano, 10-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
A União Europeia está pronta para tratar da transferência e acolhimento de menores não acompanhados que residem no campo: afirmou a Comissária Europeia para os Assuntos Internos, Sra. Ylva Johansson: “Aceitei financiar a transferência imediata e a acomodação de cerca de 400 crianças e adolescentes desacompanhados. A segurança e o abrigo de todas as pessoas em Moria são a prioridade", escreveu Johansson no Twitter, que expressou "proximidade e solidariedade com o povo de Lesbos e em particular com os migrantes e funcionários que trabalham no campo de Moria".
Mapa do Mediterrâneo, em destaque: Grécia, Lesbos, Turquia e Síria. Fonte: Google Maps
O cardeal Jean-Claude Hollerich, presidente da Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia, falou ontem sobre o incêndio, destacando que Moria há muito representa um problema que a Europa já deveria ter resolvido, mas nada foi feito. O que queimou – disse o cardeal em uma entrevista ao Vatican News – não foi apenas o campo de Moria, mas sobretudo "a humanidade da Europa, a tradição do humanismo, do cristianismo". Hollerich lançou então um apelo à Europa: "Devemos aceitar nossa responsabilidade como seres humanos." É preciso, portanto, superar a lógica dos anúncios e cumprir as promessas e os empenhos.
Enquanto isso, o governo grego declarou estado de emergência por 4 meses na ilha: o porta-voz do governo, Stelios Petsas, anunciou a decisão após uma reunião de emergência presidida pelo primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis.
24 horas após o incêndio que destruiu o acampamento, ainda não está claro quantos migrantes ficaram sem abrigo, enquanto as autoridades gregas excluem que adultos possam ser autorizados a deixar a ilha. Os mais de 12 mil migrantes alojados no campo, que perderam seus pertences no incêndio, que pode ter ocorrido de forma intencional, pernoitaram na rua.
Os bombeiros precisaram de muito tempo para apagar os numerosos incêndios menores que destruíram as tendas e as estruturas que ainda permaneciam em pé. Outras notícias relatam o uso de gás lacrimogêneo pela polícia, para evitar que alguns migrantes chegassem à capital da ilha, onde há um grande temor de uma disseminação descontrolada do coronavírus.
Mais de 400 menores não acompanhados foram transferidos para outras instalações na Grécia continental, mas o Vice-Ministro da Imigração, Giorgos Koumoutsakos, descartou que o mesmo tratamento possa ser reservado para os adultos.
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Lesbos: A Europa busca respostas. Após o incêndio que destruiu o campo de refugiados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU