10 Setembro 2020
O campo de refugiados de Moria, em Lesbos, está sendo evacuado após um incêndio que, dizem os bombeiros locais, teria sido deflagrado em vários pontos por motivos ainda não esclarecidos. O acampamento na ilha grega, um cruzamento de fluxos migratórios, foi parcialmente evacuado. A instalação atualmente acomoda 12.700 requerentes de asilo (quatro vezes sua capacidade teórica) e é a maior da Europa.
A reportagem é publicada por República, 09-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
A princípio parecia que os incêndios eram resultado de um protesto contra o bloqueio imposto para reduzir as chances de contágio da Covid-19, mas as autoridades gregas negaram essa hipótese levantada pela mídia local, mesmo que os bombeiros tenham dito que "encontraram resistência" de parte de alguns migrantes.
"O fogo se espalhou dentro e fora do campo e o destruiu ... Há mais de 12.000 migrantes sendo vigiados pela polícia em uma rodovia", disse a uma rádio privada Skai Stratos Kytelis, prefeito da cidade principal da ilha, Mitilene. “É uma situação muito difícil porque há pessoas positivas entre os que fugiram”, acrescentou.
Mapa do Mediterrâneo, em destaque: Grécia, Lesbos, Turquia e Síria. Fonte: Google Maps
Mapa do mar Egeu, bacia interna do Mediterrâneo. Em destaque: Grécia, a ilha grega de Lesbos e Turquia. Fonte: GreenMe
No momento, ninguém ficou ferido, mas seriam milhares os migrantes em fuga da estrutura.
As restrições foram impostas depois que um refugiado somali testou positivo para o vírus. Foram detectados 35 casos até agora e agora as autoridades sanitárias da ilha planejam uma bateria de testes em um número maior de pessoas que residem no acampamento.
O governo norueguês anunciou que receberá 50 migrantes do campo de refugiados de Moria na ilha de Lesbos, na Grécia, que foi incendiado durante a noite. “Ativamos os procedimentos”, disse a primeira-ministra norueguesa Erna Solberg, explicando que a prioridade será dada às famílias com crianças.
Solberg definiu as imagens do incêndio no campo de refugiados de "horríveis" e pediu que as causas fossem esclarecidas. Os 50 migrantes que serão recebidos se juntarão aos três mil que compõem a cota de refugiados para a Noruega este ano.
Mapa com os campos de refugiados destacados em vermelho (Mapa: Wikimedia Commons/Benutzer Marsupilami)
O Ministro da Infância e Família da Noruega, Kjell Ingolf Ropstad, disse em uma entrevista coletiva que Oslo deve receber "os mais vulneráveis", isto é, famílias com crianças e menores de 14 anos.
O Comissário Europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, escreveu no Twitter: "Estou perto daqueles que viveram uma noite terrível em Lesbos devido ao incêndio no campo de Moria que albergava milhares de refugiados. A Comissão Europeia trabalha com as autoridades gregas para gerir a emergência humanitária".
MSF: "Em Moria condições desumanas há anos".
"As pessoas em Moria vivem em condições desumanas há anos. Agora é essencial garantir sua transferência para acomodações seguras", alertou o líder do projeto Médicos Sem Fronteiras, Marco Sandrone.
MSF tem fornecido assistência médica e humanitária a requerentes de asilo e migrantes na Grécia desde 1996. Atualmente, as equipes da organização trabalham nas ilhas gregas de Lesbos e Samos e na capital Atenas: "Vimos o fogo se espalhar por Moria e continuar a noite toda. Todo o acampamento foi envolvido pelas chamas, causando uma fuga em massa com crianças assustadas e pais em estado de choque. Estamos trabalhando para atender às suas necessidades ", concluiu Marco Sandrone.
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Grécia, grande incêndio no megacampo de refugiados de Lesbos: milhares fogem das chamas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU