Uma quarentena superior a 40 dias, como na peste negra

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27 Agosto 2020

Quem está observando o isolamento social recomendado para o enfrentamento do coronavírus já percebeu que a quarentena, neste caso, não se limita a 40 dias de reclusão, como a prática literalmente significaria. Estudiosos retrocedem até a China, depois até Veneza, no tempo da peste negra, para determinar o início desse cuidado.

A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista. 

Em artigo para a revista do Centro Universitário São Camilo, sob o título de “As medidas de quarentena humana na saúde pública: aspectos bioéticos”, Iris Almeida Santos e Wanderson Flor Nascimento indicam que a prática tem origem nos primórdios da vacinação antivariólica na China antiga. Chineses observaram que as crostas extraídas das pessoas infectadas pela varíola permaneciam infectantes por 40 dias. A partir dessa observação, a quarentena foi difundida como prática de purificação ou contenção da propagação de doenças.

A palavra quarentena tem origem, no entanto, na língua veneta. Quarenta dias era o período em que todos os barcos que aportavam em Veneza eram isolados, quando passageiros e tripulantes não podiam pisar em terra firme antes desse período durante a peste negra, no século XIV. Eram os “quaranta giorni”.

O número 40, aponta o pastor belga Gijsbertus van Hattem, ocupa um papel importante na Bíblia. “O dilúvio durou quarenta dias e noites, quarenta anos durou a jornada do povo de Israel para a terra prometida; depois de quarenta dias de jejum, Jesus foi tentado no deserto; depois de sua ressurreição na Páscoa, Jesus apareceu aos seus discípulos quarenta dias até sua ascensão, apenas quarenta dias após o parto uma mulher deixava de ser impura”, arrola.

Van Hattem assinala que 40 representa “uma mudança, um tempo de preparação para outra coisa ou algo novo, algo melhor. De impuro a limpo, da morte à vida, do antigo ao novo, por exemplo. Na quarentena atual, esperamos naturalmente que após dela o vírus Covid-19 seja administrável”.

O pastor aponta sinais de melhora já agora motivados pela diminuição da atividade humana neste período de pandemia: a qualidade do ar está melhor, os rios estão ficando mais limpos. “Pode-se dizer que a terra está tomando uma pausa, ironicamente, porque o que o homem normalmente não consegue realizar, agora acontece naturalmente como resultado de uma pandemia”, sinalizou.

 

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