26 Outubro 2018
Uma caravana de cerca de 7.200 migrantes da América Central está marchando através do México para chegar à fronteira com os EUA.
A reportagem é de Ellen Cranley, publicada por Business Insider Italia, 25-10-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Embora o presidente norte-americano Donald Trump tenha desaprovado o evento, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, explicou que essas pessoas estão fugindo de problemas graves em seus países de origem.
Os imigrantes da Guatemala, Honduras e El Salvador estão fugindo da corrupção, da violência e da pobreza.
Uma caravana cerca de 7.200 imigrantes provenientes de alguns países da América Central está se dirigindo para os Estados Unidos, o último caso de pessoas que escapam de uma vida miserável na esperança de construir uma nova vida nos EUA.
A marcha do grupo tornou-se um problema político de importância central, ganhando uma declaração de desaprovação de Donald Trump, que os acusou de "entrar ilegalmente nos Estados Unidos" e, em seguida, ameaçou enviar o exército para a fronteira.
Apesar da dura reação de Trump, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, propôs adotar uma solução coordenada para o problema entre os EUA, México e Canadá, aumentando os fundos para o desenvolvimento da América Central.
"Desta forma, enfrentamos o fenômeno da imigração, porque quem deixa a própria casa não faz isso por prazer, mas por necessidade", disse Lopez Obrador, enfatizando os problemas institucionais generalizadas em toda a região, que causam corrupção, violência e pobreza.
Presos pela polícia na entrada de Esquipulas, migrantes hondurenhos mostram seus documentos de identificação, reivindicando o direito de livre passagem pela Guatemala (Foto: Simone Dalmasso/ Plaza Publica)
As pessoas da caravana vêm principalmente dos países da América Central conhecidos como o "Triângulo do Norte": Guatemala, Honduras e El Salvador. Essa região é considerada uma das mais perigosas da Terra, com problemas semelhantes em nível político institucional que perpetuam condições de vida impossíveis em um círculo vicioso.
Depois de viajar dezenas de quilômetros por dia em um calor sufocante, a marcha chegou segunda-feira Tapachula, no México, que ainda está a 1.600 milhas da fronteira dos EUA.
Esta é a segunda impressionante caravana de imigrantes que tenta chegar à fronteira dos EUA este ano. Dezenas de pessoas na primeira onda, que atingiu em abril San Ysidro, porta de entrada para Tijuana, solicitaram asilo e seus pedidos estão tramitando pelo complexo processo burocrático.
A violência e o controle que as gangues como MS-13 e Barrio 18 exercem, contribuem para a elevada taxa de homicídios na região, entre as mais altas do mundo.
Embora a MS-13 tenha sido fundada em Los Angeles na década de 1960, sua presença cresceu na América Central nos anos 1990, depois que os Estados Unidos deportaram milhares de imigrantes ilegais com antecedentes criminais. Desde então, tornou-se uma organização internacional que exerce um controle rigoroso sobre as regiões da América Central.
As gangues não apenas exercem violência, mas também impedem os controles, muitas vezes extorquindo dinheiro de cidadãos vulneráveis, como motoristas de transporte público, pequenos empresários e famílias pobres.
Esses grupos, combinados com cartéis de drogas e organizações criminosas, formam um sistema de controle extremamente letal e poderoso.
A violência e o crime prosperam à sombra de sistemas políticos e administrativos fracos que são construídos com base dos legados de corrupção, ainda mais acentuados por receitas fiscais extremamente baixos.
Contrastes letais dentro do país, entre o governo, os cidadãos e grupos de guerrilheiros duraram até o final dos anos 1990 e lançaram as bases para o nascimento do crime organizado.
Os governos do "Triângulo do Norte" também sofreram recentemente de instabilidade política. Por exemplo, em junho, quando os protestos que se seguiram à reeleição do presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, custaram a vida a 32 pessoas sem que houvessem indiciados entre as forças públicas ou no exército.
Irineo Mujica, um membro do grupo de ajuda humanitária Pueblo Sin Fronteras, na segunda-feira disse à Associated Press que há dois fatores que causam o êxodo: "fome e morte."
Em Honduras, por exemplo, dois terços da população vivem com 2,5 dólares por dia. E os governos têm receitas fiscais baixas, de forma que os recursos para serviços públicos essenciais como educação, saúde e segurança são poucos.
Muitas das pessoas da caravana levam filhos com elas e querem tentar dar às suas famílias uma vida melhor nos Estados Unidos.
Na esperança de poder entrar em Esquipulas, os migrantes descansam na beira da estrada e em cima de uma van em pé na fila que produziu a paralisação (Foto: Simone Dalmasso/ Plaza publica)
Imigrantes que viajam sozinhos ou em pequenos grupos ao longo do trajeto de milhares de quilômetros enfrentam o risco de sofrer abusos e serem explorados por traficantes e criminosos que se aproveitam de migrantes especialmente vulneráveis, incluindo mulheres grávidas, menores, refugiados e requerentes de asilo.
O secretário de Estado, Mike Pompeo, reconhece os riscos enfrentados pelos migrantes, mas reiterou a recusa de Trump em permitir a entrada da caravana nos Estados Unidos.
"Lamentamos que esses migrantes possam ser vítimas de traficantes de seres humanos ou ser explorados por outros criminosos", disse Pompeu no domingo à noite. "Mas também estamos seriamente preocupados com a violência cometida por alguns membros do grupo, bem como com das motivações políticas dos organizadores da viagem".
A caravana se tornou um tema no centro da campanha eleitoral para as eleições de meio de mandato, que serão realizadas em novembro.
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Honduras. Porque uma caravana de 7.200 migrantes está se dirigindo em direção aos EUA. Já percorreram mais de 600 km, mas ainda faltam 2.500 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU