12 Agosto 2018
Ao se completarem quatro anos da contaminação do Rio Sonora no México, o portal Sputnik apresentou os maiores desastres ambientais causados pela mineração a céu aberto nos últimos anos no continente americano.
“Vemos que há um padrão de comportamento das empresas mineradoras em toda a região”, explicou ao Sputnik Julieta Lamberti, da organização mexicana PODER, que acompanha juridicamente os afetados pela contaminação do rio Sonora, que foi causada pela filial do Grupo México, uma mineradora que é propriedade do segundo homem mais rico do México, Germán Larrea Mota Velasco.
A reportagem é de Eliane Gilet, publicada por Sputnik Mundo, em 09-08-2018. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“Sempre dizem que nos países mais desenvolvidos as mineradoras fazem bem as coisas, porém não é certo, em todos os lados as fazem da mesma maneira e as consequências são as mesmas: derrames, contaminação e um desdém com as populações que vivem próximas da mina, as que chegam lhe prometendo que vão trazer emprego, desenvolvimento, investimento, na realidade o único que deixam é a contaminação, pobreza e falta de acesso aos direitos mais básicos como a saúde e água”, sustentou Lamberti.
Sputnik apresenta os quatro maiores desastres causados por explorações mineiras a céu aberto nos últimos quatros anos:
Na manhã de 4 de agosto de 2014, ocorreu um dos maiores desastres mineiros da história do país do Norte, ao se romper a represa de rejeitos da mina a céu aberto de cobre e ouro, propriedade da empresa de capitais canadenses Imperials Metal Corporation. Como resultado, derramaram 25 milhões de metros cúbicos de lixo tóxico aos lagos Polley e Quesnel, ao arroio Hazeltine e o rio Cariboo.
Segundo informou o jornal The Star, de Vancouver, depois de quatro anos do desastre, a Justiça canadense não apresentou nenhuma cobrança aos responsáveis. A Justiça da província Columbia Britânica anunciou que não apresentaria sanções em sua jurisdição, enquanto que a Justiça Federal canadense sustenta que ainda continua em investigação para sabe se este caso violou ou não, as leis ambientais do país.
Apenas dois dias depois do desastre canadense, a mina Buenavista do Cobre, propriedade da empresa de capitais mexicanos Grupo México, mas operada pela sua filial estadunidense Southern Copper Corporation, derramou 40 mil metros cúbicos de resíduos tóxicos nos rios Sonora e Bacanuchi. Se reconheceu oficialmente que 380 pessoas tiveram sua saúde afetadas porque estavam utilizando essa água no momento do derramamento, em 6 de agosto de 2014, que desde então contaminou o canal do rio.
A água chegou à represa El Molinito, onde se concentra a maior quantidade de resíduos de metais pesados da atividade mineira, causando maior impactos na saúde das populações dos municípios Ures e San Felipe.
Os moradores de Bacanuchi, o mais próximo da mina, esperam uma resolução da Suprema Corte de Justiça da Nação para final de agosto desse ano, que contemple sua voz e rechace uma ampliação da exploração que planeja a empresa.
Como consequência da ruptura do dique de Fundão, que continha os resíduos da mina, 19 pessoas faleceram quando o lodo tóxico devastou o povoado de Bento Rodrigues, em 5 de novembro de 2015. A empresa Samarco Mineração que operava, é uma filiar das gigantes Vale (de capital brasileiro) e Bhp Billiton (capital australiano-britânico).
Se estima que a empresa derramou entre 40 milhões e 60 milhões de metros cúbicos de barro que, depois de deixar o povoado de Bento Rodrigues, transformou em um lamaçal inabitável, continuou seu caminho por uns 700km, passando pelos rios Gualaxo do Norte e Carmo, até chegar ao rio Doce (no estado vizinho, Espírito Santo) e verter-se no Oceano Atlântico, segundo dados publicados pelo jornal Brasil de Fato. Destruiu na sua passagem parte de vários parques naturais, ademais de irromper no território dos índios krenaks.
Os afetados apresentaram demandas coletivas que seguem em processo, porém até agora o maior crime ambiental da história do Brasil segue impune. Três anos depois do desastre, nenhum dos afetados foi realocado.
A empresa Argentina Gold, filial da mineradora Barrick Gold (de capital canadense) tem uma causa aberta na justiça local derramamento de mil metros cúbicos de uma solução contendo cianeto à desembocadura do degelo da Cordilheira dos Andes, onde nascem vários rios da região. A água contaminada escorreu para o rio Las Taguas, que forma parte da bacia hídrica da qual se abastece Jáchal e outras populações circundantes.
Desde que conheceram o derramamento, que se produziu em 13 de setembro de 2015, os morados da zona fundaram a assembleia “Jáchal no se toca” com a qual impulsionaram os julgamentos e reivindicam pela saída das empresas mineradoras da Província de San Juan.
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Os maiores crimes ambientais da mineração a céu aberto na América - Instituto Humanitas Unisinos - IHU