17 Novembro 2017
Uma carta para expressar apoio ao Papa Francisco: quem a assinou? Por enquanto, mais de 55 mil pessoas. A iniciativa Pro Pope Francis começou com o teólogo pastoral vienense Paul Michael Zulehner e o filósofo das religiões tcheco Tomáš Halík. Mas a iniciativa foi levada em consideração no Vaticano?
A reportagem é de Thomas Seiterich, publicada no sítio Publikforum.de, 11-11-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Estimadíssimo Papa Francisco”, com estas palavras começa a carta de apoio. E assim o tom é dado. O texto curto, que pode ser lido e compreendido em dois minutos, apela ao mainstream da Igreja Católica. O grupo que é exortado é o das pessoas “abertas” ou, como diz Zulehner, é “a maioria que até agora ficou em silêncio”, que pode encontrar nesta carta de apoio uma possibilidade de agir. Por isso, ela é muito breve e sem notas de rodapé. Mas a situação, de acordo com os proponentes Zulehner e Halík, é séria.
“As suas (do Papa Francisco) iniciativas pastorais e as suas justificativas teológicas estão atualmente sob um ataque veemente de um grupo de pessoas na Igreja. Com esta carta aberta, queremos expressar a nossa gratidão pela sua liderança papal corajosa e teologicamente fundamentada.”
A iniciativa foi levada em consideração pelo papa? “Sim, supõe-se que sim”, responde o padre Bernd Hagenkord, jesuíta e diretor do setor de língua alemã da Rádio Vaticano. Outros jornalistas vaticanistas entrevistados pelo Publik-Forum em Roma também concordam. Mas não dão muita importância ao fato. Por quê?
Católicos conservadores e ativistas tradicionalistas da América do Sul e do Norte há muito tempo já recolheram números ainda maiores de assinaturas contra Francisco e a sua linha sobre os temas do matrimônio e da família. É preciso que venha algo bem diferente de Viena! Muitos, portanto, permanecem simplesmente em uma posição de espera.
No entanto, para o Papa Francisco, atacado pelos conservadores, a iniciativa de Zulehner e Halík é útil, cujo número de signatários cresce em mais de 2.000 por dia.
O ataque dos conservadores no Vaticano tem como alvo fundamentalmente a nota 352 da exortação pós-sinodal de Francisco, Amoris laetitia. Porque, naquela nota, o papa prepara o caminho em muitos “casos particulares” para a possibilidade de que católicos divorciados em segunda união possam comungar.
Porém, a lua de mel entre a mídia e Francisco, que durou surpreendentemente por muito tempo, parece se aproximar do fim. Muitos jornais – como o Frankfurter Allgemeine Zeitung ou o New York Times – dão prioridade aos críticos do papa. E, embora não seja um fato extraordinário que um papa progressista seja confrontado por uma onda de protesto global por parte de eclesiásticos de direita, a mudança de atitude da mídia dá a entender como é conflitual a situação em Roma. Ainda mais que Francisco não envia nenhum sinal de anulamento da linha de abertura da Igreja sob a sua orientação.
Como seguir em frente? Quase completamente sem qualquer organização, a iniciativa vienense reúne, a cada dia, muitos novos simpatizantes. No dia 9 de novembro, ela foi assinada pelo primeiro bispo auxiliar alemão, Matthäus Karrer, de Rottenburg-Stuttgart. E, ao lado da Ir. Lea Ackermann, de Pierre Stutz, do político Volker Beck, dos Verdes, do editor do Publik-Forum, Wolfgang Thierse, e de Thomas Sternberg, presidente do Comitê Central dos Católicos Alemães, há também a assinatura do vigário-geral da diocese de Essen, Klaus Pfeffer.
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Mais de 55.000 pessoas assinam iniciativa em favor de Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU