18 Julho 2014
O cardeal Rainer Maria Woelki (foto) de Berlim foi nomeado na última sexta-feira como o novo arcebispo de Colônia, uma das maiores e mais ricas jurisdições católicas do mundo.
A nota é de John L. Allen Jr., publicada no jornal The Boston Globe, 12-07-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Uma das questões-chave sobre o Papa Francisco é saber se ele vai conseguir fazer a sua visão mais moderada e tolerante do catolicismo se estabecer ao nomear bispos de todo o mundo que estão alinhados com a sua maneira de ver as coisas.
Até agora tem havido pouco movimento nessa direção, porque, embora Francisco tenha embaralhado o baralho no Vaticano, ele não fez muitas nomeações de alta qualidade em outros lugares. Na sexta-feira, no entanto, ele fez exatamente isso na Alemanha, e, pelo menos nesse caso, parece que o papa encontrou seu homem.
O cardeal Rainer Maria Woelki de Berlim foi nomeado na última sexta-feira como o novo arcebispo de Colônia, uma das maiores e mais ricas jurisdições católicas do mundo.
Woelki, que completa 59 anos no próximo mês, assume o lugar do cardeal Joachim Meisner, 80 anos, que deixou o cargo em fevereiro. Visto, geralmente, como um arquiconservador, Meisner foi um confidente próximo do Papa Bento XVI; os dois conversavam ao telefone pelo menos uma vez por semana.
Nascido em Colônia, Woelki era visto como um protegido de Meisner no início de sua carreira, o que significa que ele vem do corte do mesmo tecido ideológico. Ele obteve um doutorado na universidade do Opus Dei em Roma e foi criticado quando chamado a Berlim em 2011 por se referir à homossexualidade como uma "ofensa contra a ordem da criação". Os críticos temiam que um filho da fortemente católica Colônia seria inadequado para o ambiente grandemente secular e altamente diversificado de Berlim.
No entanto, no fim das contas, conduzir a Igreja em tal ambiente despertou algo em Woelki. Ele tornou-se um apóstolo do diálogo, realizando reuniões com os líderes da comunidade gay e dizendo que, embora a Igreja acredite que o casamento é entre um homem e uma mulher, ela também pode ver que uma relação de carinho de longo prazo entre duas pessoas do mesmo sexo merece consideração moral especial.
Woelki desenvolveu-se em uma espécie de Francisco antes de seu tempo, convidando a Igreja a baixar o volume da retórica nas guerras culturais.
"A Igreja não é uma instituição moral que anda por aí apontando o dedo para as pessoas", disse ele. "A Igreja é uma comunidade de pessoas que buscam e de pessoas que creem, e eu gostaria de ajudar as pessoas a encontrar felicidade na vida".
Em 2012, a organização alemã "Aliança contra a Homofobia", de fato, nomeou Woelki para um "Prêmio Respeito", dizendo que ele havia promovido uma "nova cooperação com os homossexuais na sociedade". (Woelki agradeceu, mas recusou educadamente.)
Woelki também emergiu como um líder entre os bispos alemães pelo trabalho na luta contra a pobreza e pela defesa dos imigrantes e refugiados. Ele teve um interesse especial no trabalho da Cáritas, a agência humanitária da Igreja Católica. Em nível pessoal, Woelki é humilde, não usa muita elegância eclesiástica e não se leva excessivamente a sério.
O serviço de notícias alemã Deutsche Welle descreveu seu perfil na sexta-feira como um homem de "mente aberta, tolerante e preocupado com os pobres".
Dado esse pano de fundo, até mesmo alguns progressistas na região da Renânia do Norte-Vestfália, centrada em Colônia, que geralmente viam Meisner como alguém insuportável, expressaram um otimismo cauteloso.
Volker Beck, um membro do parlamento e porta-voz do Partido Verde, disse que vê Woelki como um homem de diálogo.
"Ele é conservador, mas tem mostrado em Berlim que consegue se aproximar das pessoas", disse Beck. "Ele vai ao encontro das pessoas como um pastor espiritual, não como um dogmático opinativo".
Com esse crédito, além do fato de Woelki ter nascido em Colônia e manter fortes laços com a cidade e com a arquidiocese - ele é inclusive um fã do clube de futebol local, 1 FC Köln - seria estranho se ele não tivesse tido uma consideração séria para o cargo, o que significa que não é como se Francisco tivesse quebrado um paradigma ao nomeá-lo.
Por outro lado, havia outras escolhas, e, dada a importância de Colônia para a Igreja a nível global, é uma aposta segura que essa decisão pousou na mesa do papa. Parece, portanto, que, para um cargo tão importante, Francisco pegou um prelado cuja reputação é assustadoramente semelhante à sua.
O resultado não somente define o tom para a Alemanha. Ele também é uma mensagem clara para os embaixadores papais em outros lugares de que esse é o tipo de líder que o novo chefe quer.
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Cardeal ''mente aberta'' é apontado para arquidiocese da Alemanha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU