Por: André | 22 Mai 2015
“Eu não sou contra o Papa e eu jamais disse alguma coisa contra o Papa. Eu sempre considerei a minha atividade como uma contribuição ao ministério petrino. Minha única intenção é servir à verdade”. Em uma entrevista publicada pelo blog Nuova Bussola, o cardeal Raymond Leo Burke responde ponto por ponto sobre suas últimas tomadas de posição públicas, em particular sobre a família, a comunhão aos divorciados recasados, mas também sobre os rumores de complô contra o Papa.
A reportagem é publicada por La Croix, 20-05-2015. A tradução é de André Langer.
A propósito do seu “eu resistirei, eu resistirei”, em resposta a uma eventual decisão do Papa de dar a comunhão aos divorciados recasados, o cardeal americano se justifica. “Com efeito, como eu sempre me expresso muito claramente sobre o tema do casamento e da família, penso que há pessoas que querem me neutralizar, descrevendo-me como um inimigo do Papa, ou mesmo um fomentador do cisma, utilizando justamente esta resposta dada em uma entrevista que dei a uma cadeia de televisão francesa”.
“Forças que querem nos desacreditar”
O cardeal americano, conhecido por seu conservadorismo em matéria de moral, varre na sequência a tese de um complô contra o Papa que recentemente ganhou as manchetes da imprensa italiana e no qual estaria envolvido. “Isto é simplesmente um absurdo. Como acusar de complô contra o Papa aqueles que expõem a doutrina que a Igreja sempre ensinou e praticou sobre as questões do casamento e da comunhão?”
Quanto à “petição ao Papa Francisco sobre a família” assinada por quatro cardeais, 22 bispos e numerosas personalidades religiosas, o cardeal Burke afirma não estar na origem do documento.
Ao contrário, em relação à sua transferência do cargo de prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, para lhe confiar o de patrono da Ordem de Malta, não nega a possibilidade de um lobby contra ele e os defensores da doutrina.
“Eu não tenho nenhuma informação direta, mas há, seguramente, um grupo que quer impor à Igreja não somente a tese do cardeal Kasper sobre a comunhão aos divorciados recasados ou às pessoas em situações irregulares, mas também outras posições sobre questões conexas aos temas do Sínodo. Eu penso, por exemplo, na ideia de encontrar elementos positivos nas relações sexuais fora do casamento ou nas uniões homossexuais. É evidente que há forças que fazem pressão neste sentido; é por isso que eles querem nos desacreditar, ao passo que nós tentamos defender o ensinamento da Igreja”.
Oposição ao cardeal Kasper
Longamente interrogado sobre os debates ocorridos no Sínodo, o cardeal Burke reafirma sua firme oposição ao cardeal alemão Walter Kasper, defensor de uma evolução da disciplina sem tocar na doutrina. “Se a Igreja admitir a comunhão a uma pessoa casada, mas que vive uma relação matrimonial com uma outra pessoa, está em situação de adultério, como poderíamos ao mesmo tempo manter que o casamento é indissolúvel? Essa oposição entre doutrina e prática é nefasta, e nós devemos rejeitá-la”.
De modo mais geral, o cardeal Burke rejeita as acusações de inclinação anti-conciliar formuladas contra ele, tanto no plano litúrgico como doutrinal. “Ao contrário, eu não concordo com o chamado “Espírito do Concílio”, esta colocação em prática do Concílio que não é fiel ao texto dos documentos, mas que pretende criar algo totalmente novo: uma nova Igreja que não tem nada a ver com todas as chamadas aberrações do passado”.
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Cardeal Burke nega ser “contra o Papa” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU