16 Fevereiro 2024
O cardeal e secretário de Estado Pietro Parolin, imediatamente após o massacre perpetrado pelos terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra pacíficas famílias israelenses, havia definido como “desumano” aquele ataque. Havia indicado a libertação dos reféns como prioritária, falando também sobre o direito à defesa de Israel e indicando o necessário parâmetro da proporcionalidade. Terça-feira, 13 de fevereiro, no fim da reunião com as autoridades italianas, por ocasião da reunião anual para celebrar os Pactos de Latrão, conversando com jornalistas Parolin usou palavras inequívocas sobre o que está acontecendo em Gaza. Reiterou a "condenação firme e sem reservas de qualquer tipo de antissemitismo", mas, ao mesmo tempo, reiterou o “pedido para que o direito de Israel à defesa que foi invocado para justificar essa operação seja proporcional, e certamente com 30 mil mortes não o é".
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por L'Osservatore Romano, 14-02-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
O cardeal acrescentou: “Acredito que todos estamos indignados com o que está acontecendo, com essa carnificina, mas devemos ter a coragem de seguir em frente e não perder a esperança". Um convite para não se deixar vencer pelo desânimo, pela suposta inevitabilidade de uma espiral de violência que nunca pode ser prenúncio de paz, mas que infelizmente corre o risco de gerar novos ódios.
Entrevistada pelo “Fatto Quotidiano”, também a escritora e poetisa Edith Bruck — que na primavera de 1944, aos treze anos, foi capturada no gueto húngaro de Sátoraljaújhely e deportada para Auschwitz — expressou posições semelhantes. Ela dirigiu duras críticas ao atual primeiro-ministro israelense, afirmando que “prejudicou os judeus da diáspora porque revigorou ao antissemitismo que nunca havia desaparecido e agora aumentou”. Bruck acrescentou a sua convicção de que com essa política os terroristas nunca serão eliminados.
Aquelas do cardeal e da poetisa judia são palavras ditadas por um olhar realista sobre o drama em andamento. Para a Santa Sé, a escolha do lado é sempre por aquele das vítimas. E, portanto, para os israelenses massacrados em casa nos kibutzim enquanto se preparavam para celebrar o Dia da Simchat Torá, para os reféns arrancados das suas famílias, assim como para os civis inocentes — um terço dos quais crianças — mortos nos bombardeios em Gaza. Ninguém pode definir o que está acontecendo na Faixa como um “dano colateral” na luta contra o terrorismo. O direito à defesa, o direito de Israel de levar à justiça os responsáveis pelo massacre de outubro não pode justificar essa carnificina.
No Angelus do último dia 17 de dezembro, depois do assassinato de duas mulheres cristãs que tinham se refugiado na paróquia de Gaza, o Papa Francisco disse: “Civis desarmados são submetidos a bombardeios e tiros... Alguns dizem: ‘É o terrorismo, é a guerra’. Sim, é a guerra, é o terrorismo. Por essa razão as Escrituras afirmam que ‘Deus faz cessar as guerras ... quebra o arco e corta a lança’ (cf. Sl 46,9). Rezemos ao Senhor pela paz”.
No início da Quaresma, enquanto continua a macabra contagem de vítimas inocentes, esse apelo torna-se ainda mais insistente, para invocar que silenciemos as armas antes que seja tarde demais para o nosso mundo à beira do abismo.
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Cardeal Pietro Parolin e Gaza: “Estamos indignados com essa carnificina” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU