01 Fevereiro 2024
EUA, Alemanha, Reino Unido e outros países retiraram financiamento após Israel acusar funcionários de ligação com Hamas
Informação é publicada por Brasil de Fato, 31-01-2024.
A Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) alertou para os riscos do aumento da fome na Faixa de Gaza após sofrer cortes em seu financiamento. Duas semanas atrás, o governo israelense acusou funcionários da agência de participação no ataque do Hamas em território israelense que serviu de pretexto para o massacre em curso na Palestina. Após a denúncia, a entidade perdeu praticamente um terço dos seus recursos e a situação dos palestinos na Faixa de Gaza se tornou ainda mais dramática.
Um dossiê de seis páginas elaborado por Israel, ao qual a agência Reuters afirma ter tido acesso, alega que funcionários da UNRWA teriam atuado como militantes do Hamas ou da Jihad Islâmica. A ONU não recebeu formalmente uma cópia do dossiê, disse o porta-voz da organização, Stephane Dujarric, na segunda-feira (29). Os palestinos acusaram Israel de falsificar informações para manchar a reputação da agência.
Uma investigação "completa e urgente" está em andamento, informou a ONU em seu site oficial, e nove funcionários supostamente envolvidos foram demitidos, segundo Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA. Mas nenhuma dessas providências foi suficiente para evitar prejuízos à agência. Até agora, 15 países, entre eles Estados Unidos e Alemanha — maiores doadores da UNRWA — anunciaram que vão suspender o aporte de recursos, o que vai provocar um rombo de US$ 444 milhões nas finanças da agência, cujo orçamento total é de aproximadamente US$ 1,2 bilhão.
"Muitos estão com fome enquanto o relógio avança", disse Lazzarini. Mais da metade dos 2,3 milhões de palestinos de Gaza procuram assistência diária e a UNRWA já está muito sobrecarregada pela guerra de Israel contra o Hamas. Na segunda-feira, a agência informou que seria incapaz de continuar suas operações em Gaza e em toda a região após o final de fevereiro se o financiamento não for retomado.
A menos que surjam novos doadores, ou que esses países voltem atrás, até o final de fevereiro a UNRWA não poderá pagar os salários de seus 30 mil funcionários, 13 mil deles no território devastado da Faixa Gaza. Possivelmente, será prejudicada também a compra e distribuição de alimentos e medicamentos. Outras organizações de ajuda humanitária teriam dificuldade em assumir o papel da UNRWA, dadas as complexidades para se obter acesso a Gaza e a vasta escala de necessidades.
Na terça-feira (30), um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA procurou minimizar a gravidade da decisão, alegando que seu país já havia distribuído 99% do último montante aprovado. Mas o fato é que a situação dos palestinos, já fortemente afetada pela ofensiva militar de Israel, tende a piorar se a ajuda humanitária, que já é insuficiente, for reduzida ainda mais.
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'Palestinos estão com fome', alerta ONU após aliados de Israel cortarem fundos para refugiados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU