30 Janeiro 2023
Na carta ao padre jesuíta, o Papa Francisco afirma que na recente entrevista à Associated Press (Ap), na qual disse, entre outras coisas, que "ser homossexual não um crime", se referia à doutrina católica que ensina que todo ato sexual fora do matrimônio é pecado.
O Papa intervém pessoalmente para explicar o sentido do que disse há três dias, em entrevista à agência americana Associated Press. “Simplesmente me referi ao ensinamento da moral católica, que diz que qualquer ato sexual fora do casamento é pecado”, sublinha o Pontífice. A interpretação autêntica está contida na resposta de Francisco a uma carta ao padre James Martin, o jesuíta americano que realiza seu apostolado entre as pessoas LGBT. O objetivo é, portanto, esclarecer o significado de suas palavras. O texto enviado pelo Papa Bergoglio, escrito em espanhol, foi publicado sábado, 28-01-2023, no site do padre Martin, “Outreach.faith”.
A reportagem é de Mimmo Muolo, publicada por Avvenire, 28-01-2023.
Por isso, respondendo ao Padre Martin, o Bispo de Roma sublinha que, quando se toma em consideração um pecado, "devemos considerar também as circunstâncias, que diminuem ou anulam a culpa", porque "sabemos bem - escreve - que a moral católica, aliás importa, valoriza a liberdade, a intenção". E isto é verdade, recorda o Pontífice, "para todo o tipo de pecado".
Continuando com sua resposta, o Papa Francisco reitera o que disse à Associated Press (Ap): “Aos que querem criminalizar a homossexualidade, gostaria de dizer que estão errados”. Na entrevista, de fato, o Pontífice sublinhou que "ser homossexual não é crime", enquanto no mundo existem mais de 50 países que contemplam sentenças legais para homossexuais e alguns desses países têm até pena de morte (entre estes também o Sudão do Sul, que Francisco visitará nos próximos dias).
A carta termina com o Papa rezando pela obra do padre Martin e pela comunidade LGBT que ele segue e acrescenta, como é seu costume: “Por favor, faça o mesmo por mim”.
O site Vatican News, ao anunciar a resposta do Papa, aponta: "Já no contexto da entrevista com a AP, ficou claro que o Papa havia falado de homossexualidade, significando nesse caso "atos homossexuais" e não a condição homossexual em si".
"Com esta resposta - acrescenta o artigo -, Francisco reitera que sua posição, já repetida desde a primeira entrevista aos jornalistas no voo de volta do Brasil em 2013 ('Se uma pessoa é gay e busca o Senhor e tem o bem, mas quem sou para julgá-lo?') é o do Catecismo da Igreja Católica".
Building a Bridge: How the Catholic Church and the LGBT
Community Can Enter into a Relationship of Respect,
Compassion, and Sensitivity James Martin
Publicado por HarperOne
O padre James Martin, 62, que também ocupa o cargo de consultor do Dicastério do Vaticano para a Comunicação desde 2017, é muito ativo em favor da plena aceitação das pessoas LGBTQ na Igreja Católica. É autor do livro Building a Bridge: How the Catholic Church and the Lgbt Community Can Enter into a Relationship of Respect, Compassion, and Sensitivity (Uma ponte a ser construída, como a Igreja Católica e a comunidade LGBT podem entrar em uma relação de respeito, compaixão e delicadeza), referente à pastoral do mundo LGBTQ. O jesuíta de origem americana, sempre no mesmo tema, fez em 2021 um DVD apresentado no Tribeca Film Festival, em Nova York. Apesar das críticas por suas iniciativas, o Papa Francisco o apoiou várias vezes em seu trabalho. No Catecismo da Igreja Católica no n. 2.357 afirma que "os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados" e que "em nenhum caso podem ser aprovados". No. 2.358 que as pessoas homossexuais "devem ser acolhidas com respeito, compaixão, delicadeza" e que "será evitada em relação a elas qualquer tipo de discriminação injusta". E finalmente no no. 2359 que "são chamados à castidade".
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A carta do Papa a James Martin sobre homossexualidade e pecado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU