26 Janeiro 2023
Alguns dizem que é um teólogo brilhante, moderno e corajoso. Outros, por outro lado, advertem o Papa: “Seria desastroso para a Igreja”. Parece que não há meias medidas na avaliação do candidato número um ao ex-Santo Ofício, o jovem bispo alemão de Hildesheim, Heiner Wilmer. No Vaticano a família é apenas aquela tradicional, mas na Alemanha um bispo prega: “É aquela em que as pessoas vivem com os filhos”. O último cardeal em ordem cronológica que teria se movimentado nos bastidores com grande solicitude e cautela para mostrar ao Papa Francisco que nesse papel crucial - à frente do Dicastério para a Doutrina da Fé - talvez seria preciso uma figura de garantia, foi o decano do colégio cardinalício, Giovanni Battista Re. Forte por sua grande experiência e certamente preocupado com as possíveis consequências, parece ter se expressado cheio de dúvidas.
O texto é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 24-01-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A sua opinião, no entanto, é apenas uma das muitas que neste momento histórico têm sido recolhidas pelo Santa Marta, dado que o Pontífice deverá em breve dissolver a reserva sobre quem colocar à frente do Dicastério para substituir o Cardeal Ladaria que deixa o cargo devido ao limite de idade.
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Parece que de muitos lados tenha sido sugerido como critério para a escolha do futuro prefeito a busca de longa e comprovada experiência teológica, a capacidade de saber cultivar o diálogo e ao mesmo tempo evitar modificações doutrinais traumáticas. Os temores que pairam em vários ambientes ultra tradicionalistas levaram até à publicação na web de uma carta implorando ao Pontífice para descartar o nome do jovem e talentoso bispo alemão, cotado entre os mais apaixonados defensores de reformas que inevitavelmente colidiriam com a doutrina da Igreja, causando mais abalos e lacerações internas.
Há mais de um mês, a frente conservadora está em fibrilação depois que começou a ganhar força a hipótese de que Francisco tem uma promoção pronta para Heiner Wilmer, um dos mais progressistas em um episcopado dominado pelos progressistas. O teólogo Eugen Drewermann - já suspenso a divinis pelo Vaticano por suas teses, até deixar a Igreja - o considera um autêntico outsider, assim como seu candidato preferido.
Há cinco anos à frente da diocese de Hildesheim, Wilmer, 61 anos, religioso dehoniano e ex-superior geral dos sacerdotes do Sagrado Coração, demonstrou, no entanto, grande coragem em diversas situações. Por exemplo, quando no auge da epidemia de Covid e das restrições governais que impediam a frequência à igreja na Alemanha, não hesitou em protestar contra a "proibição de aglomerações". Ele também criticou duramente a abordagem do Vaticano destinada a tutelar o sistema, afirmou em várias ocasiões que os abusos de poder estão no DNA da Igreja, é um firme defensor da causa ambiental e verde. Em entrevista, até expressou admiração pelo trabalho de Roberto Saviano no combate ao crime organizado.
Certamente suas orientações a favor de uma abertura sobre o sacerdócio feminino ou sobre a abolição do celibato não deixam dormir tranquila aquela grande e vasta fatia da Igreja decididamente mais tradicionalista, que gostaria de um teólogo menos radical e mais dialogante na liderança do antigo Santo Ofício. As preocupações chegaram ao ponto de as franjas mais conservadoras escreverem uma carta divulgada na web. O site Messainlatino.org enviou um apelo ao Papa e aos cardeais do colégio cardinalício expressando temores pela candidatura de Wilmer. “Seria simplesmente desastroso. Escrevemos com o coração na mão para que tal desastre para a Igreja seja evitado”.
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Papa Francisco: conservadores assustados com a possível escolha de um jovem bispo progressista para o ex-Santo Ofício - Instituto Humanitas Unisinos - IHU