“Bispo no estilo Francisco” diz que Igreja alemã está ficando irrelevante

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09 Julho 2020

Dom Heiner Wilmer diz que o catolicismo deve encontrar meios alternativos de “irradiar presença e carisma”.

A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada por La Croix International, 08-07-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Christa Pongratz-Lippitt escreve de Viena, onde vive há anos como repórter e comentarista sobre assuntos religiosos em publicações de língua alemã.

Em 2019, os católicos alemães abandonaram a Igreja em números recordes. A quantidade exata foi de 272.771, dados recentemente confirmados pela Conferência Episcopal Alemã.

E Dom Heiner Wilmer, sacerdote de uma ordem religiosa que, há dois anos, o Papa Francisco escolheu para presidir a Diocese de Hildersheim, teme que venha a ocorrer uma queda ainda maior na frequência à igreja devido à crise de coronavírus.

No entanto, em artigo publicado no dia 1º de julho no jornal diocesano, o bispo, de 59 anos, afirma que teme algo pior do que o chamado “efeito corona”. Wilmer diz que o que mais lhe preocupa é que Igreja esteja perdendo sua importância. Em outras palavras, ele afirma que a relevância da Igreja, na sociedade, está diminuindo.

Um “bispo no estilo Francisco” com uma visão ampla

Embora seja bispo há relativamente pouco tempo, Wilmer tem uma visão e um conhecimento amplos de Igreja que ultrapassam as fronteiras da Alemanha.

O religioso completava o terceiro ano de superior-geral dos dehonianos (Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus) quando o papa o chamou para o serviço episcopal. E, como bispo, Wilmer tem atuado em seu ministério de um modo muito semelhante ao de Francisco.

Em artigo publicado recentemente, o bispo afirma que fenômenos como o abuso sexual clerical, as estruturas eclesiásticas e o imposto religioso são apenas as causas ostensivas para o declínio do catolicismo no país. O que realmente está no centro do problema, segundo o religioso, é a questão da relevância da Igreja.

“Nós, como Igreja, e, portanto, a nossa interpretação da vida estamos nos tornando menos importantes”, disse. Nas sociedades atuais, a Igreja Católica é apenas uma “provedora” entre muitas outras alternativas que dão sentido à vida das pessoas, observou o prelado.

“Centros de poder” X a paróquia clássica

Em lugar das paróquias clássicas, a reivindicar exclusividade, o bispo disse que a Igreja necessita de mais “centros vibrantes de poder”, lugares que irradiam presença e carisma.

Segundo ele, cristãos leigos comprometidos, e não os padres, é que devem administrar estes centros. Eles se encontrariam, por exemplo, nas universidades ou nos bairros.

“Sem querer menosprezar as paróquias clássicas, mas nós precisamos de alternativas para o anúncio da mensagem evangélica”, disse Dom Heiner Wilmer.

Crer exige que os cristãos estejam presentes fisicamente. Eles devem aprender a viver e anunciar o Evangelho, e não se refugiar no ciberespaço, sublinhou.

“Isso tem a ver com estarmos juntos, caminharmos ao longo da vida, lado a lado, e sentarmos, uns de frente para os outros, à mesa, no local de trabalho, onde as pessoas envelhecem, onde elas adoecem e ficam debilitadas, onde sorriem e choram, face a face, e onde estão, de fato, presentes fisicamente”, insistiu.

Em 2019, na Diocese de Hildesheim mais de 8 mil católicos deixaram oficialmente a Igreja. Isto é 1 mil acima do número constatado no ano anterior.

A quantidade total de católicos na diocese caiu de 593.360 em 2018 para 581.460, em 2019.

 

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