11 Janeiro 2023
Apelo do Papa Francisco pelos direitos das mulheres no Irã e contra o uso da pena de morte pelo governo de Teerã para interromper os protestos. Bergoglio o pronunciou ontem de manhã, durante um dos discursos mais importantes do ano para os pontífices, quando se encontram com os embaixadores e se dirigem diretamente aos Estados para ilustrar a agenda de política externa do Vaticano.
A reportagem é de Luca Kocci, publicada por Il Manifesto, 10-01-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Ainda hoje, em muitos países, as mulheres são consideradas cidadãs de segunda classe. São objetos de violências e abusos, lhes é negada a oportunidade de estudar, trabalhar, expressar seus talentos, ter acesso à saúde e até à alimentação", disse o Papa, que depois falou especificamente do Irã, onde "a pena de morte continua ser praticada", em reação "às recentes manifestações, que pedem maior respeito pela dignidade das mulheres". Em geral, acrescentou, “a pena de morte não pode ser utilizada para uma suposta justiça de Estado, pois não constitui um impedimento, nem oferece justiça às vítimas, mas apenas alimenta a sede de vingança. Apelo, portanto, para que seja abolida da legislação de todos os países do mundo".
Outros temas foram abordados por Bergoglio em seu extenso discurso aos embaixadores dos 183 países que mantêm relações diplomáticas com a Santa Sé, inspirado na Pacem in Terris, a encíclica "pacifista" de João XXIII, cujo sexagésimo aniversário ocorre. Dentre tantos destacamos dois.
A guerra, aliás “a terceira guerra mundial de um mundo globalizado, onde os conflitos interessam diretamente apenas algumas áreas do planeta, mas essencialmente envolvem todos”, como a guerra na Ucrânia, na qual também é evocado o uso de armas nucleares. Mas "a posse de armas atômicas é imoral", reiterou Francisco.
E os migrantes, com as responsabilidades dos Estados ricos do norte capitalista: “A migração – disse o Papa – é uma questão para a qual proceder de forma dispersa não é admissível. Para entendê-lo, basta olhar para o Mediterrâneo, que se tornou um grande cemitério. Aquelas vidas truncadas são o emblema do naufrágio de nossa civilização". Por isso “na Europa, urge reforçar o quadro normativo, através da aprovação do Novo Pacto sobre a migração e o asilo, para que se possam implementar políticas adequadas para acolher, acompanhar, promover e integrar os migrantes”.
Antes dos embaixadores, Bergoglio recebeu Mons. Gänswein, ex-secretário de Ratzinger, que nos últimos dias repetidamente atacou Francisco, que por sua vez o colocou de volta à linha, criticando aqueles que espalham "notícias falsas" e aqueles que se dedicam às "fofocas". Nada vazou do encontro: talvez um esclarecimento entre os dois, ou uma discussão sobre o futuro de Gänswein, que agora, sem Bento XVI, está desocupado. Além disso, hoje no Vaticano é esperada Giorgia Meloni, para sua primeira audiência como primeira-ministra.
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“Chega de violência, direitos iguais para as mulheres” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU