05 Dezembro 2022
O cardeal da Nicarágua, Leopoldo Brenes, convidou a fazer uma "mudança de rumo" no país centro-americano, que vive uma crise sociopolítica desde 2018.
A reportagem foi publicada por Religión Digital, 05-12-2022.
O cardeal da Nicarágua, Leopoldo Brenes, incentivou uma "mudança de rumo" na Nicarágua, que vive uma crise sociopolítica desde 2018.
Brenes, que junto com o resto do episcopado da Nicarágua foi acusado pelo presidente Daniel Ortega de tentar derrubá-lo, qualificou sua mensagem com referências bíblicas, durante a missa dominical que celebrou na Catedral Metropolitana de Manágua.
"João Batista vem para fazer esse chamado, um chamado à conversão, que significa: mudança de direção, refletir sobre o que tenho em nossas vidas que me impede de caminhar vendo o Senhor", refletiu o cardeal, cujo país está dividido entre os que apoiam Ortega e os que não simpatizam com o líder sandinista.
A crise da Nicarágua começou em 2018, quando uma série de ataques armados contraprotestos antigovernamentais em massa deixaram pelo menos 355 mortos, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), dos quais o presidente reconhece 200, argumentando que defendeu contra um suposto golpe de estado.
Além disso, a CIDH informa mais de 250 "presos políticos", entre opositores, críticos de Ortega e profissionais independentes, que o presidente se nega a libertar, apesar das resoluções da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) e dos apelos da parentes.
“Na vinha do Senhor há de tudo, há uns que vão com o coração disposto, há outros que não”, recordou Brenes, que não fez comentários diretos.
espírito de orgulho
Bianca Jagger, defensora de DD. HH., pide al Papa Francisco que "condene" al Gobierno en Nicaragua https://t.co/JjfG8M6lZs via @France24_es
— IHU (@_ihu) December 5, 2022
Brenes evocou a cena em que João Batista chama um grupo para "mudar", alguns concordam, "mas os outros dois dizem 'não', com espírito de arrogância".
“Aquela pessoa que diz 'não tenho pecado' talvez esteja cometendo o maior pecado de arrogância, acreditando ser melhor”, apontou o cardeal.
Da mesma forma, convidou a nos livrarmos “daquelas coisas que existem em nossas vidas e que nos impedem de viver verdadeiramente felizes, removendo ódios, removendo inimizades, removendo rancores, porque muitas vezes essas atitudes nos adoecem e nos fazem perder a paz”.
A Igreja Católica é uma religião considerada "perseguida" na Nicarágua, como vários bispos e sacerdotes mencionaram em diferentes ocasiões.
Este ano, o governo sandinista expulsou do país o núncio apostólico Waldemar Stanislaw Sommertag e 18 freiras da ordem das Missionárias da Caridade, fundada por Madre Teresa de Calcutá.
Em agosto passado, sacerdotes de diversas dioceses da Nicarágua pediram ao Governo que "cesse a perseguição à Igreja Católica", em meio a diversas ações que levaram à prisão de mais de uma dezena de religiosos, entre eles alguns seminaristas, e do Bispo da Diocese de Matagalpa e administrador apostólico da Diocese de Estelí, ambas ao norte, Rolando Álvarez.
As relações entre os sandinistas e a Igreja Católica na Nicarágua foram marcadas por atritos e desconfianças nos últimos 43 anos.
Com 58,5% dos fiéis, a Igreja Católica é a religião com mais adeptos na Nicarágua, segundo o último censo nacional.
A crise da Nicarágua se agravou com as eleições gerais de 2021, quando Ortega e sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, foram reeleitos para seus cargos, em um processo criticado porque sete de seus possíveis rivais foram presos e dois fugiram para o exílio.
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Nicarágua. Cardeal Brenes pede uma “mudança de direção” na política e na vida do país - Instituto Humanitas Unisinos - IHU