05 Outubro 2022
A reportagem é de Joseph Lawrence, publicada por Religion Digital, 05-10-2022.
Continuando com o tema do discernimento em sua audiência nesta quarta-feira, 5 de setembro, o Papa Francisco assinalou aos 10.000 peregrinos presentes na Praça São Pedro que “o bom discernimento requer também o conhecimento de si mesmo”, o que envolve, acrescentou, “às nossas faculdades humanas: memória, intelecto, vontade, afeições".
"Muitas vezes não sabemos discernir porque não nos conhecemos suficientemente bem e, portanto, não sabemos o que realmente queremos. Na base das dúvidas espirituais e das crises vocacionais, muitas vezes há um diálogo insuficiente entre a vida religiosa, dimensão humana, cognitiva e afetiva", explicou Francisco numa manhã ensolarada de outubro.
Nesse sentido, destacou que "esquecer a presença de Deus em nossas vidas anda de mãos dadas com a ignorância sobre nós mesmos, sobre as características de nossa personalidade e sobre nossos desejos mais profundos".
"Conhecer a si mesmo não é difícil, mas cansativo: implica um paciente trabalho de escavação interior", disse Francisco.
"É assim que passamos a reconhecer que a visão que temos de nós mesmos e da realidade às vezes é um pouco distorcida. Perceber isso é uma graça! De fato, muitas vezes pode acontecer que convicções errôneas sobre a realidade, baseadas em experiências do passado, fortemente nos influenciam, limitando nossa liberdade de jogar pelo que realmente conta em nossas vidas", disse ele.
"Vivendo na era da informação, sabemos o quanto é importante conhecer as 'senhas' para poder entrar nos programas onde se encontram as informações mais pessoais e valiosas. A vida espiritual também tem suas 'senhas': há palavras que tocam o coração porque se referem ao que somos mais sensíveis", disse.
Algumas senhas que você precisa saber identificar, continuou: "Podem ser o título de estudo, a carreira, os relacionamentos, todas as coisas louváveis em si mesmas, mas para as quais, se não formos livres, corremos o risco de alimentar expectativas irreais, como a confirmação do nosso valor. Deste mal-entendido muitas vezes derivam os maiores sofrimentos".
"Por isso", acrescentou imediatamente, "é importante conhecermo-nos, conhecer as senhas do nosso coração, aquilo a que somos mais sensíveis, proteger-nos daqueles que se apresentam com palavras persuasivas para nos manipular, mas também para reconhecer o que é realmente importante para nós, distinguindo-o das modas do momento ou lemas chamativos e superficiais".
"Uma ajuda para isso é o exame de consciência, ou seja, o bom hábito de reler com calma o que acontece no nosso dia, aprendendo a perceber nas avaliações e nas eleições aquilo a que damos mais importância", acrescentou. "Aprender a reconhecer o que satisfaz o coração. Porque só o Senhor pode nos dar a confirmação do que valemos".
“A oração e o autoconhecimento nos permitem crescer em liberdade. São elementos básicos da existência cristã, elementos preciosos para encontrar o lugar na vida”, concluiu o papa em sua reflexão sobre o autodiscernimento.
Já nas saudações aos peregrinos em várias línguas, Francisco voltou a colocar em primeiro plano a sua preocupação com a situação na "mártir Ucrânia", por quem pediu que "não nos esqueçamos de rezar por ela para que Deus lhe conceda a presente da paz".
De igual modo, durante a saudação aos peregrinos polacos, recordou o seu histórico pedido no Angelus do passado domingo de que "confiamos na misericórdia de Deus, que pode mudar os corações, e na materna intercessão da Rainha da Paz".
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Francisco: “Esquecer a presença de Deus em nossas vidas anda de mãos dadas com a ignorância sobre nós mesmos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU