07 Janeiro 2022
“A nossa província vive uma profunda crise humanitária, provocada pela violência terrorista, enquanto assistimos ao retrocesso dos indicadores de desenvolvimento integral, agravada também pelas consequências das medidas restritivas de prevenção da pandemia”: é o que afirmam os líderes religiosos da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, em comunicado conjunto denunciando a crise econômica e social provocada pela violência terrorista na região, em particular em Pemba.
A reportagem é publicada por Agência Fides, 05-01-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O documento dos líderes religiosos, enviado à Agência Fides, releva que os atos terroristas não devem ser atribuídos à religião muçulmana, rejeitando "qualquer informação que vincule tais atos aos princípios do Islã". “Repudiamos e nos distanciamos de atos e pessoas que distorcem as doutrinas religiosas para justificar qualquer tipo de violência”, diz o texto.
Mapa de Moçambique, destaque para Cabo Delgado e Pemba. Fonte: Wikicommons
As comunidades religiosas afirmam estar dispostas a “colaborar com o governo, instituições e organizações dedicadas à causa da paz na província de Cabo Delgado”. “Declaramos a nossa forte unidade diante de qualquer ameaça de ruptura e nosso repúdio unânime aos atos terroristas e extremistas, bem como nosso empenho em caminhar lado a lado rumo à paz e à fraternidade”, afirmam solenemente os líderes cristãos e muçulmanos.
Entre os fatores preocupantes para a população, destacados no texto, estão “as desigualdades sociais, o alto índice de analfabetismo, a crise de valores ético-morais e as polarizações étnicas e religiosas”.
Nesse contexto, reafirma-se uma visão de religião que se desvincula da violência e do preconceito, defendendo o diálogo social “de forma franca, aberta, honesta e inclusiva”.
A declaração pede ainda à divulgação de mensagens que “desencorajem a adesão ao extremismo e a qualquer tipo de violência”, ressaltando a necessidade de acompanhar os jovens num caminho de “reconciliação e reinserção social”.
Há mais de quatro anos a província de Cabo Delgado é teatro de ataques de rebeldes armados, alguns dos quais associados ao chamado "Estado Islâmico". Segundo as autoridades locais e as organizações internacionais, o conflito já causou mais de 3.100 mortos e mais de 800 mil deslocados.
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Moçambique. Apelo dos líderes religiosos de Cabo Delgado: é uma crise humanitária - Instituto Humanitas Unisinos - IHU