30 Janeiro 2019
A comunidade Pataxó com 65 índios vive em função do Rio Paraopeba, a 22 km de Brumadinho. Desde ontem, o nível da água já subiu e peixes mortos foram retirados do local. A Funai levou água potável para o local, já que o Paraopeba não pode mais prover a tribo.
A reportagem é de Pedro Durán, publicada por CNB, 29-01-2019.
A lama que escorreu da barragem de Feijão chegou até a aldeia indígena de uma tribo Pataxó que tem 65 índios. A tribo vive às margens do Rio Paraopeba, por onde escorreu a lama, a 22 km de Brumadinho. Eles vieram para cá de vários lugares em novembro de 2017. Juntando as etnias Pataxó e Pataxó Hã-hã-Hãe, que vieram da Bahia, mas também já tem mistura de negros e europeus.
As águas do rio serviam de lazer e sustento para 17 crianças, dois idosos, sete mulheres grávidas e 34 adultos. O cacique Hayô conta que a comunidade vivia em função do Rio. “A água para gente é tudo. Não só para a gente, como também para os animais. Agora, não podemos usar para mais nada”, lamenta.
A equipe da CBN foi com eles até um acesso à margem do rio, que fica a poucos metros da aldeia por uma pequena trilha. Na beira, a vara enfiada na margem mostrava que de ontem pra hoje o Paraobeba já subiu de nível, como explicou o guarda indígena Tarrão. “Já dá para ver que a lama invadiu um pouco mais. Peixe aqui não existe. Só morto”, conta o guarda.
Ontem, a Funai esteve no local e trouxe doações, especialmente de água potável já que eles bebiam a água do Rio. A mulher do cacique é presidente da Federação dos Povos Indígenas do Brasil. Ãngohó cobra explicações das autoridades, já que nem a Vale e nem a Defesa Civil não visitaram a tribo desde a tragédia.
“Ficamos olhando até onde vai a ganância dos homens. Queria saber dos governantes e do pessoal da Vale se o cérebro deles é de minério. Eles não raciocinam. Será que eles consegue dormir em paz? Imagina se o filho deles pede água e na torneira deles saísse essa água vermelha”, Lamenta Ãngohó.
Tradicionalmente, os índios fazem a Festa das Águas e fumam o timberio, um cachimbo que leva aneska, capim de aruanda, alecrim em uma mistura que eles chamam de Xanduca. Nos últimos rituais, eles agradeceram por não terem sido atingidos pela lama e pediram desculpas para natureza pelo que aconteceu.
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Aldeia indígena atingida pela lama reclama do descaso da Vale e de autoridades de MG - Instituto Humanitas Unisinos - IHU