29 Janeiro 2019
Defendemos a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para que, de forma isenta e comprometida, possa investigar a cadeia da mineração e propor medidas legais de prevenção a este tipo de crime e punição aos responsáveis, incluindo os diretores das grandes corporações envolvidas e os governos que buscam de toda forma “afrouxar” a já combalida legislação ambiental, afirma nota pública da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), rede com mais de 3.000 organizações da sociedade civil, se solidariza com as famílias de Brumadinho (MG) e todas aquelas que, de alguma forma, foram ou serão atingidas por mais um crime cometido por uma grande mineradora. No fim da manhã do dia 25 de janeiro, a barragem da Mina Córrego do feijão, que pertence a empresa Vale, rompeu e espalhou um mar de rejeitos que devastou a comunidade e o centro administrativo da empresa. As dimensões ainda não podem ser calculadas, pois nem a própria empresa sabe ao certo quantos trabalhadores e trabalhadoras foram engolidas pela lama tóxica, além das comunidades em seu curso que foram tragadas de forma trágica.
A comunidade Córrego do Feijão, situada em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, está vivendo as dores pelas perdas de centenas de vidas, provocadas por atividade que agride e delapida o meio ambiente, e que não aprendeu com as mortes já causadas. Pouco mais de três anos após o rompimento da barragem de rejeitos no município de Mariana, em Minas Gerais, que ceifou vidas e devastou o meio ambiente (fauna e flora, além do rio Doce e seus afluentes), novamente o Estado é agredido com o derramamento de lama proveniente da atividade de extração do minério de ferro. Isso só reafirma o quanto essas empresas são, na verdade, depredadoras de recursos naturais, depredadoras de vidas.
Assim como no desastre de Mariana, a proporção da tragédia é bem mais ampla e compromete outras regiões. No caso de Brumadinho, a lama já atingiu o leito do rio Paraopeba, importante afluente do rio São Francisco, principal fonte de água para todo o Semiárido brasileiro. Isso não apenas comprometerá a vitalidade de um rio que já vem ameaçado desde a sua transposição, como também a subsistência e os modos de vidas de diversas populações de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, que dependem dele para viver.
Não é possível que o Estado Brasileiro continue a tratar essa situação de risco ao qual as mineradoras colocam nossos povos como algo sem importância. Nós da ASA repudiamos esse modelo de desenvolvimento onde quem ganha é o capital, às custas da exploração do meio ambiente, da devastação territórios e expulsão de populações, assim como vem ocorrendo em Minas Gerais e outros estados brasileiros. Nesse sentido, apoiamos e defendemos a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para que, de forma isenta e comprometida, possa investigar a cadeia da mineração e propor medidas legais de prevenção a este tipo de crime e punição aos responsáveis, incluindo os diretores das grandes corporações envolvidas e os governos que buscam de toda forma “afrouxar” a já combalida legislação ambiental.
Esse não é mais um acidente. É um CRIME! Causado pela ganância de grandes corporações, nacionais e internacionais, onde o lucro é colocado acima das vidas.
Articulação Semiárido Brasileiro
27 de janeiro de 2019.
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Esse não é mais um acidente. É um crime! Nota da Articulação do Semiárido - Instituto Humanitas Unisinos - IHU