02 Abril 2018
No mês de março, 300 mulheres e homens jovens de todo o mundo reuniram-se em Roma para preparar um documento que seria parte do próxima encontro dos bispos sobre a juventude. Juntaram-se a eles outros 15.000 jovens que fizeram comentários por Facebook. Enquanto editores em uma reunião do Vaticano no sábado disseram que o exercício, em grande parte, permaneceu sem conflitos, um grupo de participantes que preferem as formas tradicionais da liturgia não estão felizes com os resultados.
A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux, 28-03-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Duas mulheres e três homens, bem como um padre, deveriam resumir em três páginas as mais de 1.100 observações feitas pelo grupo on-line de língua inglesa em resposta a 15 perguntas. O resumo depois fundiu-se com mais 25 de cinco outros grupos do Facebook, bem como os pequenos grupos de trabalho nos quais as 300 pessoas reunidas em Roma foram divididas.
Os cinco editores tiveram que lançar um comunicado na segunda-feira, insistindo que não houve nenhuma "conspiração" para acalmar os que favorecem a Forma Extraordinária da liturgia, diante dos protestos de alguns participantes do evento. Em particular, vários dos que se opunham apontavam que a frase "Missa em latim" não estava no documento final, apesar de ter surgido nas discussões.
Os editores disseram que houve uma “espécie de lobby” pela antiga missa em latim durante o encontro, o que contribuiu "para que parecesse que havia mais vozes falando sobre as formas tradicionais da liturgia do a realidade”.
O fato de uma pessoa comentar mais frequentemente do que as outras, argumentaram, "não dá àquela voz uma parcela maior de contribuição do que as outras”.
Eles também disseram que ficaram chateados pela "falta de confiança" que "permeava esses comentários”.
"Algumas pessoas dentro do grupo comentaram que não foram ouvidas durante a reunião pré-sinodal", diz um post escrito pela equipe de mídia social do Sínodo de 2018 no grupo do Facebook em inglês, que na semana passada foi um fórum de discussão fechado.
"Apesar de a discussão não ser especificamente sobre a liturgia, nem a maioria dos comentários, incluímos a solicitação da Forma Extraordinária no resumo três vezes", diz a declaração.
O documento refere positivamente à exaltação das "liturgias tradicionais", embora não mencione a expressão "Missa Latina".
"Somos apaixonados pelas diferentes expressões da Igreja", disse. "Alguns de nós têm uma paixão pelo 'fogo' dos movimentos contemporâneos e carismáticos que se concentram no Espírito Santo; outros se atraem pelo silêncio, a meditação e a reverência das liturgias tradicionais. Tudo isso é bom, pois nos ajuda a rezar diferente".
A defesa do trabalho realizado, assinado pelos coordenadores do grupo de língua inglesa, surgiu depois que vários participantes da discussão se pronunciaram nas redes sociais, alegando que não estavam representados no documento final.
Embora encarregados de produzir um resumo dos debates dos grupos no Facebook, a equipe de mídia social não fazia parte da equipe de 12 pessoas que transformou os relatórios dos grupos em um documento final de 16 páginas.
A discussão surgiu a partir de um questionário que não perguntava aos jovens sobre suas preferências litúrgicas, mas uma das 15 perguntas era: "Que iniciativas específicas parecem ser mais apropriadas para atrair o interesse dos jovens, para que possam crescer plenamente como pessoas?"
Várias respostas favoreciam a Forma Extraordinária, o que levou ao surgimento da expressão numa nuvem de palavras com as respostas criadas pelos administradores do grupo do Facebook, posteriormente divulgadas.
O post compartilhado na segunda-feira foi uma tentativa de assegurar aos críticos do documento de que não havia nenhuma conspiração contra eles.
"Entendemos que algumas pessoas tenham ficado decepcionadas que a linguagem final não era do seu gosto, mas é preciso esclarecer que não houve qualquer tipo de conspiração contra os que preferem formas mais tradicionais de liturgia", disse o comunicado.
O termo "Forma Extraordinária", uma expressão usada no motu proprio de 2007 do Papa Bento XVI, Summorum Pontificum, descreve a liturgia do Missal Romano de 1962, amplamente referido como Missa Tridentina, em latim eclesiástico, que não está presente no documento pré-sinodal.
No documento, na seção de "líderes jovens", diz que "além da tomada de decisões institucional, queremos ser uma presença alegre, entusiasta e missionária dentro da Igreja. Também expressamos um desejo forte por uma voz proeminente e criativa. Essa criatividade muitas vezes encontra-se nas artes, na liturgia e na música, mas, no momento, é um potencial inexplorado, uma vez que o lado criativo da Igreja muitas vezes é dominada pelos membros mais velhos da Igreja".
Em segundo lugar, na seção "Iniciativas a serem reforçadas", a juventude escreveu que querem experiências que aprofundem seu relacionamento com Jesus.
"Portanto, respondemos às iniciativas que nos oferecem uma compreensão dos sacramentos, da oração e da liturgia, para compartilhar e defender nossa fé de forma adequada no mundo secular", escreveram.
O documento final foi compilado após a reunião considerar dois esboços anteriores. Um primeiro esboço foi transmitido ao vivo no Facebook, mas os participantes on-line não podiam adicionar comentários.
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Jovens líderes insistem que não houve 'nenhuma conspiração' para silenciar os adeptos da liturgia tradicional - Instituto Humanitas Unisinos - IHU