Por: MpvM | 26 Julho 2019
"O Pai-Nosso traz os aspectos fundamentais da existência humana e os caracterizam os desejos dos seguidores de Jesus. É um itinerário espiritual.
Chamar Deus de Pai é descobrir um novo horizonte de vida e tomar consciência de que Ele tem um projeto para nós e evoca sua misericórdia e bondade. A santificação do nome de Deus e a vinda de seu Reino expressam o louvor e a esperança de que sua ação salvífica seja reconhecida na história (v. 2) e de que o Reino de Deus, anunciado por Jesus, seja manifestado. Mas para isso é necessário que o cristão se comprometa em construir uma sociedade marcada pelos valores evangélicos."
A reflexão é de Zuleica Aparecida Silvano, fsp, religiosa da Congregação das Irmãs Paulinas. Ela possui licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (1999), graduação em Teologia pelo Instituto Santo Inácio - ISI (2001), em Belo Horizonte, mestrado em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico - PIB (2009) de Roma e doutorado em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE (2018), em Belo Horizonte. Pertence aos Grupos de Pesquisa: A Bíblia em Leitura Cristã (FAJE) e Bíblia e Interpretação: linguagens da Escritura (PUC-MG). É professora na FAJE, assessora no Serviço de Animação Bíblica (SAB/ Paulinas) e Centro Loyola (Belo Horizonte).
Referências bíblicas
1ª Leitura: Gn 18,20-32
Salmo: Sl 137(138),1-3.6-8 (R/. 3a)
2ª Leitura: Cl 2,12-14
Evangelho: Lc 11,1-13
A oração é o tema central da liturgia deste 17º Domingo do Tempo Comum. A 1ª Leitura (Gn 18,20-32) descreve a conversa entre Deus e Abraão, que intercede por Sodoma e Gomorra. Deus está disposto a salvar essas cidades, mas se depara com uma realidade perpassada pela injustiça em todos os âmbitos. Assim, percebemos que a oração não consiste em esperar receber tudo de Deus, sem estarmos dispostos a mudar, a colocar a mão na massa.
No Evangelho de Lucas (Lc 11,1-13) Jesus é apresentado como aquele que reza ao Pai, e no ensinamento dado aos discípulos somos exortados a orar com perseverança (vv. 5-8) e com confiança (vv. 9-13). O Pai-Nosso traz os aspectos fundamentais da existência humana e os caracterizam os desejos dos seguidores de Jesus. É um itinerário espiritual.
Chamar Deus de Pai é descobrir um novo horizonte de vida e tomar consciência de que Ele tem um projeto para nós e evoca sua misericórdia e bondade. A santificação do nome de Deus e a vinda de seu Reino expressam o louvor e a esperança de que sua ação salvífica seja reconhecida na história (v. 2) e de que o Reino de Deus, anunciado por Jesus, seja manifestado. Mas para isso é necessário que o cristão se comprometa em construir uma sociedade marcada pelos valores evangélicos.
Quais são esses valores? Eles são apresentados nos outros pedidos na oração de Jesus: o partilhar, a solidariedade, o lutar contra a desigualdade entre as pessoas, a comunhão fraterna, e o perdão. Atitudes que devem caracterizar os discípulos e discípulas de Jesus. O último pedido expressa a consciência da fraqueza humana diante da tentação de desanimar, de abandonar o projeto do Pai (22,46). Assim, ser cristão não significa ser isento das dificuldades, mas ter esperança de que Deus está conosco e nos dará o Espírito Santo.
A Carta aos Colossenses (Cl 2,12-14) apresenta a confiança no amor de Deus, na atuação do Espírito em nós e na participação na vitória definitiva de Cristo, dons que se iniciam no batismo e se expressam na coragem cristã de construir o Reino de Deus, que é de vida para todos.
Ter no coração a plenitude do projeto do Pai, descrito nas leituras deste domingo e na oração que Jesus nos ensinou, é ter dentro de nós o constante apelo a entregar a nossa vida ao serviço do irmão. É desejar que por meio de nós esse reino de Deus se torne realidade em todos os recantos do mundo.
Diante dessa liturgia, podemos nos perguntar:
- Qual é o conteúdo das nossas orações?
- O projeto do Pai descrito nos pedidos da oração que Jesus nos ensinou afeta a minha vida e a vida da minha comunidade?
- Qual é a relação entre ser batizado e rezar a oração que Jesus ensinou para os discípulos e que caracteriza aqueles que o seguem?
Que possamos sempre mais acolher os apelos que a liturgia nos faz neste domingo, e que a Palavra de Deus seja sempre mais amada, vivida e testemunhada.
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17º Domingo do tempo comum - Ano C - Senhor, ensina-nos a rezar! - Instituto Humanitas Unisinos - IHU