02 Dezembro 2024
A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (Unrwa) anunciou no domingo (1º) a suspensão da entrega de ajuda à Faixa de Gaza através da passagem Kerem Shalom, que dá acesso ao sul do território palestino, pois a entrega havia se tornado “impossível”. Israel controla a passagem desde o início de maio deste ano. Berlim afirmou que Israel não tem “nenhuma desculpa” para impedir a entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
A reportagem é publicada por RFI, 01-12-2024.
“Estamos suspendendo a entrega de ajuda através de Kerem Shalom, o principal ponto de passagem para a ajuda humanitária em Gaza”, uma ‘decisão difícil (...) em um momento em que a fome está piorando rapidamente’ no território que foi dilacerado pela guerra por quase 14 meses', disse o chefe da Unrwa, Philippe Lazzarini, na rede social X.
A maioria dos caminhões com ajuda humanitária entra pela passagem de Kerem Shalom, na fronteira entre Israel e o sul da Faixa de Gaza.
Israel não tem “nenhuma desculpa” para impedir a entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, disse Tobias Lindner, ministro de Estado das Relações Exteriores da Alemanha, no domingo, na véspera de uma conferência sobre o assunto no Cairo.
Israel deve “finalmente cumprir suas promessas de facilitar o fluxo de ajuda humanitária para Gaza e conceder acesso humanitário suficiente em todos os momentos”, exigiu Lindner em uma declaração publicada antes de sua viagem ao Egito.
“Não há desculpa para isso. O direito de Israel à autodefesa é limitado pela lei humanitária internacional”, enfatizou o diplomata.
A ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, fez comentários semelhantes no início de novembro, criticando Israel por fugir “constantemente” de seus compromissos.
Suspensão da ajuda da ONU foi anunciada mais cedo
A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (Unrwa) anunciou no domingo que estava suspendendo a entrega de ajuda à Faixa de Gaza a partir de um ponto de passagem importante com Israel, pois a entrega havia se tornado “impossível”.
Berlim, que recentemente aumentou suas entregas de armas a Israel, está buscando um equilíbrio cada vez mais difícil entre seu apoio histórico a Israel e seus pedidos de respeito à lei internacional no conflito do Oriente Médio que assola a Faixa de Gaza e se estende ao Líbano.
Na terça-feira, Annalena Baerbock saudou o anúncio do cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah no Líbano, vendo-o como “um raio de esperança para toda a região”.
Apesar desse impulso em favor de outro cessar-fogo, desta vez entre Israel e o Hamas em Gaza, “ainda não chegamos lá”, disse Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente dos EUA, Joe Biden, no domingo.
O ataque do Hamas em solo israelense resultou na morte de 1.207 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, incluindo reféns mortos ou que morreram em cativeiro.
O Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza anunciou no domingo um novo número de 44.429 mortos no território palestino desde o início da guerra com Israel, há mais de um ano, com pelo menos 47 pessoas mortas nas últimas 24 horas.
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