20 Março 2024
Enquanto o ministro da Segurança Nacional Ben Gvir celebrava no parlamento israelense um recorde na concessão de licenças de armas, as tropas sionistas invadiam Al Shifa, onde se refugiam cerca de 30.000 pessoas.
A reportagem é publicada por El Salto, 19-03-2024.
"As armas salvam vidas", afirmava ontem o ministro da Segurança Nacional de Israel Ben Gvir, diante do parlamento israelense, congratulando-se pelo recorde em aprovações de licenças de armas. No total, são 100.000 as pessoas israelenses que receberam permissão para adquirir armas desde 7 de outubro passado, as solicitações são quase triplicadas: 299.354, então as licenças de armas continuarão a chegar aos israelenses à medida que as licenças forem aprovadas.
Ben Gvir, que fez armar a população do Estado sionista uma de suas principais apostas nos últimos meses, com especial ênfase nos colonos que assediam a população civil na Cisjordânia, congratulou-se com o marco ontem posando diante de um cartaz com o lema: "Cem mil israelenses armados", conforme relatado pelo meio israelense Times of Israel. Portar armas está virando cada vez mais uma tendência dentro de uma cidadania que realiza seus afazeres diários levando visivelmente fuzis de assalto.
Ben Gvir celebrates issuing 100,000 gun licenses since October 7 https://t.co/OTWmvTtecf
— The Times of Israel (@TimesofIsrael) March 18, 2024
Enquanto o ministro ultradireitista incentiva a população a se armar, seu exército prossegue com sua missão de aniquilamento na Faixa de Gaza, que já deixou 31.726 mortos e 73.792 segundo as autoridades de Gaza. A esta cifra deverão somar-se as vítimas do ataque de ontem contra o hospital Al Shifa, objetivo do exército israelense desde o início de sua ofensiva contra a Faixa. Durante o dia 18 de março, as instalações sanitárias situadas na castigada Cidade de Gaza foram submetidas a uma quarta incursão, utilizando o exército sionista tanques e fogo pesado.
Segundo o Ministério de Saúde de Gaza, cerca de 30.000 pessoas ainda se refugiavam neste complexo, em uma cidade arrasada onde não há para onde ir. Civis deslocados, feridos e pessoal médico ficaram presos no hospital sob o fogo israelense. Enquanto numerosas testemunhas falavam de dezenas de baixas como consequência do ataque, ainda não foram fornecidas cifras dada a situação de cerco da área.
🔴IDF troops are currently conducting a precise operation in the area of Shifa hospital—based on intelligence information indicating the use of the hospital by senior Hamas terrorists to conduct and promote terrorist activity.
— Israel Defense Forces (@IDF) March 18, 2024
Watch IDF Spokeperson RAdm. Daniel Hagari describe… pic.twitter.com/jKdUdNpY91
Israel mais uma vez enquadrava sua ofensiva contra Al Shifa em um suposto uso do Hamas das instalações para planejar sua resposta às tropas sionistas. O porta-voz do exército Daniel Hagari, explicava em um vídeo postado nas redes, que o exército levaria a cabo "uma operação de precisão" no hospital, falando até mesmo de "esforço humanitário", levando comida e água às pessoas presas em seu interior. Além disso, acrescentou que não se obrigaria os civis a abandonar as instalações.
Testemunhas presentes em Al Shifa declararam por sua parte à Al Jazeera que os efetivos sionistas disparavam contra qualquer pessoa que se movesse, enquanto, em contraste com o afirmado por Hagari, o exército teria enviado panfletos nas imediações do hospital instando as pessoas a "evacuar" a zona.
The Israeli occupation forces release the journalist Ismael Al Ghoul after detaining him from the Shefa hospital in Gaza city. pic.twitter.com/wcFDd6zVem
— Eye on Palestine (@EyeonPalestine) March 18, 2024
Além de abrir fogo contra o hospital e as pessoas que tentavam escapar, e impedir o socorro às pessoas feridas, o exército sionista, em sua ofensiva contra os jornalistas — que já teria cobrado 95 vítimas mortais, segundo as cifras do comitê para a proteção de jornalistas (CPJ) —, detinha o repórter da Al Jazeera Ismael Al Ghoul durante 12 horas, gerando preocupação por sua vida. Após sua libertação, o jornalista tornou pública a violência e o maltrato a que teria sido submetido junto com outras pessoas detidas que teriam sido espancadas e despidas antes de serem levadas para dependências desconhecidas.
A ofensiva israelense contra a faixa não mostra sinais de diminuir. Ontem também 14 pessoas, incluindo crianças, morriam em Rafah sob os bombardeios israelenses contra duas casas. Na sexta-feira passada, Israel aprovava um plano para a invasão de Rafah, anunciando que estava pronto para executar uma operação com a qual vinha ameaçando há semanas. Enquanto isso, os alarmes sobre a falta de alimentação que enfrenta a população de Gaza continuam, ontem, um relatório do Programa Mundial de Alimentos da ONU alertava para a iminência da fome no norte da Faixa.
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Israel comemora ao armar seus cidadãos, ao mesmo tempo que realiza o quarto ataque ao hospital de Al Shifa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU