Noruega é o 1º país do mundo a autorizar mineração no fundo do mar

Foto: Canva Pro | Anoop VS

Mais Lidos

  • “A América Latina é a região que está promovendo a agenda de gênero da maneira mais sofisticada”. Entrevista com Bibiana Aído, diretora-geral da ONU Mulheres

    LER MAIS
  • A COP30 confirmou o que já sabíamos: só os pobres querem e podem salvar o planeta. Artigo de Jelson Oliveira

    LER MAIS
  • A formação seminarística forma bons padres? Artigo de Elcio A. Cordeiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

17 Janeiro 2024

Especialistas alertam que atividade pode ameaçar a biodiversidade marinha e acelerar as mudanças climáticas, a despeito da justificativa de buscar metais para a transição energética.

A informação é publicada por Climainfo, 16-01-2024. 

A busca por metais críticos no fundo do mar entrou na pauta energética diante da necessidade desses minerais para baterias e outros equipamentos necessários para a eletrificação do transporte e outros setores econômicos. No entanto, cientistas alertam para o potencial devastador da atividade para a biodiversidade marinha e os ecossistemas oceânicos.

O argumento científico, porém, não foi suficiente para a Noruega, país que adora se vender globalmente como defensor do meio ambiente e antenado com o que há de mais atual no combate às mudanças climáticas. Na 3ª feira passada (9/1), no melhor estilo “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, o parlamento norueguês aprovou um projeto de lei que vai acelerar a mineração no fundo do mar. Com isso, a nação nórdica se tornou a primeira do mundo a avançar com a controversa prática em escala comercial.

O plano aprovado pelos parlamentares diz respeito às águas oceânicas norueguesas. Mas um acordo sobre a mineração em águas internacionais também poderá ser fechado neste ano, destacam Folha e BBC. Mesmo sem um tratado mundial, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, sigla em inglês), ligada à ONU, já começou a aceitar pedidos de empresas que desejam explorar recursos minerais nas profundezas dos oceanos em áreas internacionais. A decisão se deu em abril do ano passado.

O governo norueguês diz que está sendo cauteloso e começará a emitir licenças somente quando forem realizados estudos ambientais adicionais. Mas o que já se sabe é que a proposta do país vai abrir 280 mil km² das suas águas nacionais para a exploração desses recursos – uma área maior do que o Reino Unido e o estado de São Paulo.

Em novembro, 120 membros da União Europeia lançaram uma carta aberta apelando ao parlamento norueguês para rejeitar o projeto devido “ao risco dessa atividade para a biodiversidade marinha e para a aceleração das mudanças climáticas”. O documento também afirma que a avaliação de impacto realizada pela Noruega apresenta muitas lacunas.

As técnicas de exploração de minerais do fundo do mar podem gerar poluição sonora e luminosa significativa, bem como danos ao habitat dos organismos que dependem dos nódulos [rochas do tamanho de batatas que contêm minerais como lítio, escândio e cobalto], mostra a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês).

Peter Haugan, diretor político do Instituto de Pesquisa Marinha da Noruega e diretor do Instituto Geofísico da Universidade de Bergen, disse ao Mongabay que os planos da Noruega vão contra os conselhos científicos e podem pôr em perigo a biodiversidade marinha. “Destruir áreas muito sensíveis e vulneráveis ​​e eliminar a biodiversidade é um risco real.” Além disso, destacou que a decisão também pode ser uma “violação da lei”, devido à falta de provas científicas necessárias para avaliar os impactos ambientais de futuras atividades mineiras, o que é legalmente necessário para que tais decisões sejam tomadas.

A decisão da Noruega de autorizar a mineração no leito marinho também foi repercutida por Um só planeta, O Globo, Euronews, Wired, CNN e Earth.org.

 Leia mais