O biólogo marinho: “Sem algas, até os peixes desaparecerão em breve”

Peixe-leão. (Foto: Rawpixel)

Mais Lidos

  • Diaconato feminino: uma questão de gênero? Artigo de Giuseppe Lorizio

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS
  • Venezuela: Trump desferiu mais um xeque, mas não haverá xeque-mate. Artigo de Victor Alvarez

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

03 Agosto 2022

 

Roberto Danovaro: "Ondas de calor como a atual são devastadoras para as criaturas marinhas".

 

Mortandades em massa, epidemias, falta de oxigênio. "Ondas de calor como a atual são devastadoras para as criaturas marinhas", afirma Roberto Danovaro, presidente da estação zoológica Anton Dohrn em Nápoles e professor de biologia marinha no Politécnico das Marche.

 

A entrevista é de Elena Dusi, publicada por La Repubblica, 02-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis a entrevista.

 

Também pode ser visto a olho nu?

 

Eu mergulhei recentemente nas Marche e na Ligúria. Há sinais da mortandade dos organismos, virados de barriga para cima no fundo. Os que mais sofrem são os corais, gorgônias e esponjas, que não podem se mover em busca de ambiente mais fresco, mas também espécies típicas do fundo do mar: ouriços-do-mar, caranguejos e peixes chatos como o linguado. Os fundos marinhos, tanto arenosos como lamacentos, são de fato os primeiros a ficar sem oxigênio em períodos como estes.

 

É realmente excepcional esse calor?

 

Mesmo um aumento de um grau seria preocupante. Cinco graus é uma enormidade. De 2015 a 2019, registramos ondas de calor marinhas todos os anos, mas nunca com a intensidade atual. Só podemos esperar que uma tempestade agite as águas.

 

Quais são as consequências?

 

Principalmente duas. O calor pode ultrapassar o limite de tolerância de algumas espécies acostumadas a águas frias. Muitas espécies sofrem mortandades em massa devido a infecções bacterianas ou virais. O calor abaixa as defesas imunológicas.

 

Além da fauna, a flora submarina também sofre?

 

Sim, especialmente as algas marrons, que formam extraordinárias florestas frondosas no fundo do mar. Estão em risco de extinção, agora confinadas às áreas mais frias do Mediterrâneo, como o Golfo de Trieste e o Mar da Ligúria. É um habitat também protegido pelas normas europeias, extremamente precioso para muitas espécies de peixes que aqui encontram alimento e passam as primeiras fases da vida. Se essas algas desaparecerem, não teremos mais nada para pescar no futuro.

 

O que é o caranguejo azul?

 

Uma das muitas espécies invasoras. Desembarcou na costa sul da Itália há alguns anos, mas agora é encontrado em todos os lugares. Compete com a espécie nativa, o caranguejo margarida, que tem um aspecto marmorizado, com listras cinzentas e esbranquiçadas. Muitos de nós corriam atrás dele quando crianças. Até as lapas, por outro lado, agora estão desaparecendo.

 

Qual é o problema com os moluscos?

 

A técnica de colheita. Existem fazendas onde ainda são colhidos à mão, com um ancinho, como um fazendeiro colheria os frutos de sua horta. Mas também há os turbos sugadores que destroem o habitat do fundo do mar. Deveriam ser abolidos. Ou deveríamos ser nós a exigir que o nosso prato de massa com mariscos fosse feito com métodos sustentáveis.

 

Leia mais