08 Novembro 2023
O diretor do Hospital Indonésio de Gaza lança uma mensagem desesperada: eles precisam de combustível em menos de 24 horas. A OMS confirma que as proximidades de vários hospitais foram bombardeadas por Israel.
A reportagem é de Mahmoud Mushtaha, publicada por ctxt, 07-11-2023.
Pelo trigésimo segundo dia consecutivo, Israel continua seus ataques contra Gaza. Seu objetivo parece ser a erradicação de toda forma de vida na Faixa de Gaza e o deslocamento forçado de sua população. Como denunciado há algumas horas por António Guterres, secretário-geral da ONU, "as operações terrestres das Forças de Defesa de Israel e os contínuos bombardeios estão afetando civis, hospitais, campos de refugiados, mesquitas, igrejas e instalações da ONU". Os bombardeios israelenses são cuidadosamente planejados e incluem comboios de deslocados e serviços de saúde. "Ninguém está seguro!", alerta Guterres. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ameaçou manter "indefinidamente" o controle militar sobre a Faixa. "Vimos o que acontece quando não o temos".
O Dr. Atef Al-Kahlot, diretor do Hospital Indonésio, construído com fundos da organização indonésia Medical Emergency Rescue Committee (Mer-C) no norte da Faixa e agora foco das acusações de Israel sobre a suposta existência de túneis do Hamas em suas instalações, fala sobre as terríveis condições dos pacientes na unidade de terapia intensiva enquanto não consegue conter as lágrimas. O profissional de saúde afirma que quer enviar "uma mensagem a todos que têm consciência" e detalha o estado trágico do sistema de saúde de Gaza, consequência da agressão e do bloqueio contínuo impostos pelas forças de ocupação israelenses.
Num apelo desesperado, o diretor do hospital enfatiza a necessidade de combustível nas próximas 24 horas para evitar uma catástrofe humanitária iminente e expressa sua angústia ao testemunhar pacientes à beira da morte implorando por cirurgias. "O mundo pode ser testemunha disso e permanecer em silêncio?", pergunta ele.
A escassez de combustível causou cortes de eletricidade em várias áreas do hospital, enquanto Israel continua acusando a resistência palestina de usar instalações médicas como fachada para atividades militares. A incitação contínua contra os centros de saúde de Gaza gerou uma preocupação generalizada no Hospital Indonésio de que ele possa ser bombardeado, como ocorreu com o Hospital Al-Mamadani. Isso ocorre enquanto o exército de ocupação continua atacando hospitais e instalações de saúde sem aviso prévio.
A Faixa de Gaza enfrenta atualmente uma crise humanitária sem precedentes. Essa situação é agravada pela interrupção de serviços essenciais, como eletricidade e água, pela grave escassez de suprimentos médicos e pelo colapso do sistema de saúde.
Os incessantes ataques aéreos israelenses causaram 10.328 vítimas, incluindo 4.412 crianças e 2.761 mulheres. Outros 2.260 residentes de Gaza estão desaparecidos, dos quais 1.270 são crianças. A maioria deles está morta sob os escombros de edifícios destruídos pelos bombardeios israelenses.
Médicos Sem Fronteiras calcula que mais de 25.000 pessoas sofreram ferimentos, muitos deles graves, e há muitos pacientes com queimaduras. Enquanto isso, 16 dos 35 hospitais da Faixa pararam de funcionar, e 51 dos 72 centros de atendimento primário do enclave também não atendem mais pacientes devido à falta de eletricidade e combustível. A Organização Mundial da Saúde confirma que as proximidades de vários hospitais foram bombardeadas por Israel.
A superlotação, a escassez de água potável e a falta de medicamentos levantam preocupações sobre várias epidemias. A ONU já registrou mais de 22.000 casos de infecções respiratórias agudas e 12.000 casos de diarreia, juntamente com um aumento de casos de varicela. Essas epidemias podem ser mortais, especialmente para crianças menores de cinco anos.
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“O mundo pode testemunhar isso e ficar em silêncio?” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU