18 Julho 2023
Visita à Ucrânia de Mons. Américo Manuel Alves Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa e chefe da comissão organizadora da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa. Foi o Papa Francisco quem pediu para alcançar com a JMJ todos os jovens, mas sobretudo aqueles que vivem nas periferias, que estão mais distantes, jovens que por vários motivos não podem participar na JMJ de Lisboa. Assim, o bispo se encontrou com jovens católicos ucranianos em dois santuários nacionais do país nos dias 15 e 16 de julho. Foi emocionante o abraço com os familiares dos militares mortos e a visita ao cemitério de Lviv.
A reportagem é de M. Chiara Biagioni, publicada por Servizio Informazione Religiosa (SIR), 17-07-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
“O Papa Francisco pediu para alcançar com a JMJ todos os jovens, mas especialmente aos que vivem nas periferias, que estão mais distantes, jovens que por vários motivos não podem participar da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa”. Por esse motivo, o mons. Américo Manuel Alves Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa e chefe da comissão organizadora da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, decidiu ir nestes últimos dias à Ucrânia, juntamente com dois voluntários, para se encontrar com os jovens que, por causa da guerra, não poderão sair do país e participar da JMJ. A acompanhá-lo nessa visita está também o Padre Roman Demush, vice-chefe da Pastoral Juvenil da Igreja ucraniana greco-católica, que conta ao SIR as etapas mais significativas da viagem e, sobretudo, o seu significado. O bispo português - que será nomeado cardeal no próximo consistório, em 30 de setembro - teve dois encontros nos últimos dias: no sábado, 15 de julho, no santuário mariano de Zarvanytsia, com os jovens da Igreja greco-católica e no domingo 16 de julho, no Santuário ucraniano da Mãe de Deus em Berdychev, com os jovens da Igreja Católica Latina.
No encontro de Zarvanytsia no qual participaram também os bispos da Igreja greco-católica ucraniana e o núncio apostólico na Ucrânia, mons. Alves Aguiar exortou os jovens ucranianos a não terem medo de sonhar. “Meus caros jovens amigos ucranianos, não tenham medo de sonhar!”, disse ele. “Vim de Portugal com Nossa Senhora de Fátima no coração”. “Deixemos nossas tristezas, todas as nossas lágrimas em seu coração maternal. Eu vim aqui para rezar com vocês, por vocês e por todos aqueles que agora defendem heroicamente seu país. Os jovens de Lisboa esperam por vocês e vão lhes receber de braços abertos. E os que não puderem vir ou já estiverem no paraíso, eu os levarei para Lisboa no meu coração”.
Logo depois, os jovens ucranianos tomaram a palavra. “Hoje nossos corações estão cheios de raiva e ódio contra aqueles que destruíram a nossa paz”, confidenciaram os jovens com grande sinceridade ao chefe da comissão organizadora da JMJ. “O perdão é um dom. Precisamos de uma reconciliação interior para perdoar aqueles que vieram à nossa terra para nos matar. São centenas de milhares de jovens que não podem participar da JMJ deste ano. Eles estão defendendo nosso país e sua liberdade na linha de frente. Garotas e rapazes que estão dando a vida com amor pelo próximo. Obrigado por ter vindo aqui nos abraçar. Ajude-nos a derrotar o inimigo que está roubando a nossa juventude. O nosso jovem coração sangra”.
"Os jovens - conta o padre Roman Demush ao SIR - quiseram mostrar ao bispo a realidade dos jovens ucranianos e a realidade de um país que há mais de 500 dias é vítima de uma invasão russa em grande escala. Quiseram fazer ouvir o grito de guerra, dar a conhecer os jovens que lutam pelo direito à vida. Seu coração está ferido. Expressaram, portanto, um medo: serem feridos não só por aqueles que lançam mísseis e armas em seu território, mas também por aqueles que querem colocar no mesmo plano agredidos e agressores, vítimas e assassinos, estuprados e estupradores. Com lágrimas nos olhos, eles expressaram essas palavras. Os jovens depois agradeceram a D. Américo por essa visita que é um gesto de solidariedade e proximidade, sinal do amor da Igreja que como mãe abraça os seus filhos e o seu abraço cura porque nos faz sentir que não estamos sós”.
Antes do encontro com os jovens, o bispo português assistiu ao funeral de um jovem militar em Lviv. “É uma realidade que vivemos todos os dias”, confidencia padre Roman. “Todos os dias enterramos os nossos soldados. O bispo viu a esposa e os filhos pequenos desse soldado que caiu na linha de frente com apenas 30 anos. Começamos a chorar. Que sonhos esse jovem tinha para si e sua família? Os jovens ucranianos sonham com uma paz justa e duradoura. Eles sonham com a vitória. Depois desse momento de oração na igreja, fomos ao cemitério militar onde estão sepultados os soldados.
Caminhando entre os túmulos, o bispo encontrou uma mãe que enterrou primeiro o marido e depois o filho. Eles se abraçaram. Vimos seus nomes gravados nas lápides, as datas de nascimento e morte. São todas garotas e rapazes que morreram entre os 20 e 30 anos, no auge da juventude.
Somos gratos por essa visita e essa proximidade da Igreja. A guerra no século XXI é um absurdo. Estaremos na JMJ de Lisboa com mais de 500 jovens ucranianos. Nossa esperança é que esses dias sejam para cada um deles um oásis de paz espiritual, um lugar que cure seus corações. Para que isso aconteça, contamos com a compreensão, com o incentivo e com o abraço de todos os jovens do mundo”.
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JMJ 2023. Cardeal Américo Alves Aguiar, coordenador da Comissão organizadora na Ucrânia. Jovens: “Nossos corações estão feridos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU