16 Mai 2023
“Os fechamentos de Zelensky sobre a mediação e o plano de paz marcam uma distância da nossa linha, mas esperávamos por isso. Correspondem ao seu papel neste momento, aquele de Presidente da um país invadido. De certa forma, ele não poderia falar outra coisa". O encontro de anteontem entre o Papa e o líder de Kiev não agita o domingo nas Salas Sagradas do Vaticano, e um alto prelado garante ao La Stampa que “certamente as palavras de Zelensky não detêm a nossa diplomacia. Procede-se como antes".
A reportagem é de Domenico Agasso, publicada por La Stampa, 15-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Também o confirma ao nosso jornal o cardeal Michael Czerny, prefeito, do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, enviado por Francisco em 2022 em uma missão humanitária especial na Ucrânia: “A relação do Papa com Zelensky é o caminho a ser percorrido. Obviamente, a invasão violenta de Putin é um crime, e uma vez que a guerra está em curso, só pode degenerar em crimes contra a humanidade”.
O diálogo será “extremamente difícil, mas sem ele o caminho para a paz está bloqueado. E o diálogo precisa do apoio, da paciência, da generosidade e também do sofrimento das Igrejas". Incluindo a decepção com a atmosfera de impasse que se respirava na outra noite após os "não" pronunciados por Volodymyr Zelensky às possíveis negociações para a reconciliação e ao papel de mediador do Bispo de Roma.
A Santa Sé "não minimiza, mas ao mesmo tempo não se desespera, e continua em frente", afirma dom Stefano Caprio, professor de história e cultura russa no Pontifício Instituto Oriental de Roma. Continua-se a partir do ponto de entendimento com o Presidente ucraniano: o âmbito humanitário, a começar do empenho em levar de volta para casa as crianças que a Rússia é acusada de ter deportado.
“São urgentes gestos de humanidade” para os inocentes, invocou Jorge Mario Bergoglio. Então estaria “em fase de preparação um ‘grande projeto humanitário’ da Santa Sé, por enquanto reservado e de contornos ainda não definidos, em apoio à população agredida pela invasão russa”, revela um prelado. A implementação será confiada ao Dicastério para o Serviço da Caridade, dirigido pelo cardeal esmoleiro Konrad Krajewski.
A iniciativa deveria fazer parte da "missão" secreta de paz de que falou Francisco no voo de retorno da Hungria, e o Vaticano espera que possa ser transformada em uma "gazua" para abrir as portas de uma disponibilidade ucraniana de negociar com o agressor.
Enquanto na direção de Moscou estaria se acelerando para chegar até o final do ano ao tão esperado encontro cara a cara entre o Pontífice e o patriarca ortodoxo de Moscou Kirill, estreitamente ligado ao Presidente russo, Vladimir Putin, “com a esperança de que esse encontro possa decorrer sem o fragor dos tiros”, almeja-se nos Sagrados Palácios.
E, além disso, permanece válida a hipótese de enviar dois importantes cardeais como emissários, um para Kiev e outro para Kremlin, no estilo da diplomacia de São João Paulo II”, explica um cardeal.
Os objetivos de Jorge Mario Bergoglio e da Santa Sé permanecem inalterados: desarmar bombas e mísseis e trazer a Rússia e a Ucrânia para se sentar ao redor da mesma mesa, possivelmente predisposta juntamente com a comunidade internacional. “Com as armas nunca se obterá segurança e estabilidade - reiterou o Papa ontem no Regina Coeli na Praça São Pedro - mas, pelo contrário, se continuará a destruir também qualquer esperança de paz".
O Pontífice também pediu mais uma vez para "aliviar os sofrimentos da martirizada Ucrânia". Para o cardeal Óscar Rodríguez Maradiaga, essas advertências são sinais que indicam que Francisco "não tem nenhuma intenção de desacelerar o trabalho diplomático pela pacificação. O Santo Padre sabe que sua missão é buscar a paz, aproximar os opostos, mesmo que não seja fácil".
Enquanto o padre Antonio Spadaro, diretor da Civiltà Cattolica, no TgCom24 define “importante o encontro entre o Papa e Zelensky. Além disso, é verdade que existem duas lógicas que correspondem a duas retóricas, a duas formas diferentes de encaminhar as questões: uma baseada na vitória e outra na paz”.
Agora o problema é que nem a Rússia nem a Ucrânia querem “falar de paz, porque soa como uma derrota. Só que assim corremos o risco de caminhar cada vez mais para um massacre”. Neste contexto, a posição do Papa “não é a de um ator, mas de um pai, que vê morrer os filhos. Como a mãe de um soldado ucraniano que vê seu filho morrer e a mãe de um soldado russo que vê seu filho morrer”.
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O ‘não’ de Kiev não para o Vaticano: “Agora um grande projeto humanitário” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU