Francisco: "Quando cultivamos vinagre em vez de açúcar, algo não funciona. A amargura, a acidez do coração, faz muito mal"

• A amargura é o elixir do diabo, essa amargura, licor de amargura. Por favor, apenas deixem o Espírito nos dar essa doçura, que é uma doçura espiritual.
  
  
• Se tivermos a coragem de recuperar o frescor original do Evangelho, surgem novos caminhos, surgem métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras carregadas de renovado significado para o mundo de hoje.
  
  
• O caminho sinodal é escutar a vida sob a guia do Espírito Santo, que é o protagonista do Sínodo. E vocês percorrem este caminho com renovado entusiasmo, mulheres testemunhas do Senhor ressuscitado.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 13-04-2023.

Nova enxurrada do Papa Francisco para os vinagres na Igreja. Nesta ocasião, durante um encontro com a União dos Superiores Maiores da Itália, que exortou a ser construtores do Reino sem perder a alegria, a audácia, a dedicação e a esperança. "Quando cultivamos vinagre em vez de açúcar, algo não funciona. A amargura, a acidez do coração, faz muito mal", disse o papa em reportagem do Vatican News.

Diante de 300 participantes da 70ª Assembleia Geral da União das Superioras Maiores da Itália (USMI) sobre o tema "No caminho sinodal, mulheres testemunhas do Ressuscitado", Francisco pediu às participantes que fossem geradoras de esperança, fermento de Deus no meio da humanidade. "Se uma mulher consagrada não dá testemunho do Ressuscitado", segundo o Pontífice, "é aí que termina a sua vida".

Novos caminhos para o mundo de hoje

As mulheres foram as primeiras testemunhas da Ressurreição. Eles são o modelo de discípulos para olhar porque, explica Francisco, recordam-nos "que, se tivermos a coragem de recuperar a frescura original do Evangelho, surgem novos caminhos, surgem métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de significado renovado para o mundo de hoje".

Foto: Vatican Media

Jesus Cristo pode também quebrar os esquemas aborrecidos em que pretendemos envolvê-lo e surpreende-nos com a sua constante criatividade divina. "Cristo é o 'evangelho eterno'" e "sua riqueza e beleza são inesgotáveis":

Ide sempre com coragem, buscai o Senhor, o que Ele nos diz hoje; não é o que ele nos disse ontem. É verdade que cada um de vós tem o vosso carisma, e é com este o espírito com que quereis fazer a pergunta: com aquele espírito dos fundadores que tendes no coração, fazei hoje a pergunta: "Senhor, o que devo fazer hoje? O que devemos fazer?" E as mulheres são boas nisso, sabem criar novos caminhos, sabem dar... são corajosos.

O Espírito Santo guia o caminho sinodal

Na manhã de Páscoa, a pressa das mulheres em anunciar a Ressurreição aos discípulos é também um estímulo para uma autêntica conversão sinodal. Não guardam a alegria para si, não caminham sozinhas "porque é próprio que as mulheres sejam generosas, deem vida, abram caminhos, chamem os outros". "Com efeito, a presença de Jesus não nos fecha em nós mesmos, impede-nos a encontrar os outros e à decisão de caminhar com os outros". A sinodalidade é o caminho principal a ser seguido pela Igreja:

Não esqueçamos que o caminho sinodal é o Espírito Santo: Ele é o guia do caminho sinodal, Ele é o protagonista. E as mulheres, nesta dinâmica, vão em frente com os pastores, embora muitas vezes não vos sintais valorizadas e por vezes compreendidas, estais disponíveis para escutar, para se encontrar, para dialogar, para fazer projetos juntos. O caminho sinodal não é ter respostas e tomar decisões: não. O caminho sinodal é caminhar, ouvir, ouvir! - Ouça e siga em frente. O caminho sinodal não é um parlamento; O caminho sinodal não é uma coleção de opiniões. O caminho sinodal é escutar a vida sob a guia do Espírito Santo, que é o protagonista do Sínodo. E vós percorreis este caminho com renovado entusiasmo, mulheres testemunhas do Senhor ressuscitado.

Foto: Vatican Media

Semeando esperança, a mais forte das virtudes

Escutando, olhando e tocando a realidade, nunca se desligando dela e estando "em órbita", recomenda o Pontífice, que apela também aos Superiores Maiores da Itália para que sejam semeadores de esperança diante das poucas vocações, do problema das obras e da necessidade de interculturalidade na vida consagrada. "Os desafios", adverte, "existem para serem superados" e a esperança é "a menor, mas a mais forte das virtudes:

Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e cheios de esperança. Seus numerosos projetos falam dessa dedicação esperançosa. Continue nesse caminho!

Amargura, elixir do diabo

Falando de improviso, Francisco adverte contra as doenças da vida consagrada, em particular a amargura, "aquele espírito de acidez interior" que olha apenas para as dificuldades ou ergue "um monumento a 'mas, no entanto', sempre buscando o que está errado". "A amargura", de fato, segundo o Papa, "é o licor do diabo" e é a antítese da esperança.

Quando você cultiva vinagre em vez de açúcar, algo não funciona. A amargura, a acidez do coração, faz muito mal. Por favor, quando você vir que em uma comunidade alguma irmã está nisso, ajude-a a sair dessa situação; Ajude-a a sair da situação de pessoas melancólicas que sempre pensam: "Mas, outras vezes foram melhores, as coisas não vão, do que aqui, do que lá...". Este é o elixir do diabo, essa amargura, licor de amargura. Por favor, nada disso, apenas deixe o Espírito nos dar essa doçura, que é uma doçura espiritual.

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