22 Outubro 2022
"A caminhada e a vivacidade da Igreja na América Latina... Esta obra que pertence à Coleção Iniciação à Teologia escrita magistralmente por Ney de Souza preenche uma lacuna a este respeito e poderá ser usada com muito proveito por professores e estudantes de teologia, bem como, por estudiosos e interessados nesta temática para pensar a eclesialidade latino-americana", escreve Eliseu Wisniewski, presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos), da Província do Sul e mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR, sobre o livro História da Igreja na América Latina (Vozes, 2022, 696 p.), elaborado pelo doutor Ney de Souza.
Oferecer uma historiografia do cristianismo na América Latina é a proposta da obra: História da Igreja na América Latina (Vozes, 2022, 696 p.), elaborada pelo doutor em História Eclesiástica e professor pesquisador-permanente do Programa de Estudos Pós-Graduados em Teologia da PUC-SP - Ney de Souza. O referido autor comenta que este “livro é resultado de longos anos de pesquisas, estudos, leituras, participação em congressos, simpósios e docência. De certa maneira, são diversas pessoas que contribuíram para o resultado que não é final, mas início de debates sobre a tão importante História da Igreja na América latina e no Caribe” (p. 25).
História da Igreja na América Latina
Foto: Divulgação
A obra é composta de nove partes e cinquenta e seis capítulos:
Na primeira parte (p. 27-53) são apresentadas as fontes, a metodologia para uma história da Igreja da América Latina (p. 29-44), e a histografia do catolicismo na América Latina e Caribe, ou seja, a apresentação e a análise da atividade humana do catolicismo, analisando, primeiramente, as culturas pré-colombianas, pré-cabralinas e os precedentes medievais como pressupostos para a ação colonizadora e catequizadora a partir de 1942 (p. 45-53).
Na segunda parte intitulada “Os verdadeiros donos da terra” (p. 55-86) busca-se fazer “um mergulho na América antes da América, ou seja, a apresentação das culturas locais antes da invasão do europeu; trata da situação da Península Ibérica às vésperas da conquista” (p. 24). Mais especificamente, no terceiro capítulo apresenta-se um quadro geral da situação da Europa, de maneira particular Portugal e Espanha, antes da conquista da América (p. 57-64). No quarto capítulo, o autor relembra que no território, hoje denominado América, havia diversas e ricas culturas, civilizações. Frente a isso, Souza discute sobre o etnocentrismo e eurocentrismo ainda vigentes na atualidade (p. 65-86).
Na terceira parte “A doação pontifícia das Índias e a conquista” (p. 87-116), o autor realiza um “detalhamento das bulas alexandrinas, buscando informações pra a pergunta: como foi possível registrar uma ‘escritura’ para espanhóis e portugueses de uma terra habitada e que já tinha dono?” (p. 24). Assim sendo, no quinto capítulo, Souza introduz o leitor no estudo histórico da vida de Rodrigo Borgia, o papa Alexandre VI, seu contexto é a finalidade deste capítulo. Outro objetivo é que ao conhecer as atividades pontifícias alexandrinas se poderá compreender melhor algumas bulas deste papa (p. 89-98). Estes documentos são “de grande importância para o entendimento da doação de terra pra a Coroa espanhola” (p. 89). Sabendo que o “Papa Alexandre VI realizou a doação pontifícia das Índias aos reis da Espanha, Fernando e Isabel, mediante a promulgação de três documentos, denominados bulas alexandrinas” (p. 99), no sexto capítulo Souza a partir de trechos das bulas pontifícias tece comentários acerca delas (p. 99-102), observando que “a concepção teológica do monismo hierocrático é a raiz do pensamento do papa” (p. 99). No sétimo capítulo percorrendo os séculos XIV, XV, XVI são apresentadas as interpretações das bulas do Papa VI realizadas por juristas com a finalidade de entender a mentalidade e as justificativas no período da conquista e nos posteriores para a doação pontifícia destas terras ao poder temporal, ou seja, à Coroa espanhola: com que direito se passava a escritura e uma terra que já era habitada e, por conseguinte, propriedade de outrem? (p. 103-108). No oitavo capítulo apresenta o cenário da contestação a essa conquista material, são textos, homilias de contemporâneos da invasão, conquista e colonização (p. 109-116).
Na quarta parte “A aliança espiritual-temporal e a organização do catolicismo” (p. 117-274), Souza percorre o “caminho da aliança temporal-espiritual realizada entre a Santa Sé e as coroas espanhola e portuguesa. Retrata a organização da estrutura institucional religiosa, neste território e, também, os seus percalços. Os cenários, dentro da temática geral, são diversificados, apresentando a construção da estrutura religiosa, sua legislação, a prática de piedade dos fiéis e seu imaginário sobre a morte” (p. 24). Nesta linha, o nono capítulo apresenta uma visão das Ordens Militares do Padroado português e espanhol (p. 119-126). Neste quesito o autor ressalta que “o entendimento do conceito de Padroado é fundamental para compreender as relações entre as Coroas e a Santa Sé, a organização da instituição religiosa no Ultramar e seus desdobramentos. As relações de padroado com a Coroa espanhola foram encerradas com as independências. Por sua vez, no Brasil, estas relações continuaram até o final do Império. A aliança entre o temporal e espiritual era formal, isto é, através de documentos: as bulas” (p. 120). No décimo capítulo o autor faz a sistematização dos documentos pontifícios que se referem à concessão do direito de Padroado, feita pelos sumos pontífices aos reis de Portugal e, posteriormente, à Coroa espanhola (p. 127-135). No décimo primeiro capítulo apresenta-se um braço importante para o Padroado e por consequência para a Coroa portuguesa e Coroa espanhola: a Mesa da Consciência e Ordens e o Conselho das Índias, respectivamente (p. 131-135).
O décimo segundo capítulo trabalha a organização do catolicismo pós-missional (p. 136-143). Nestas páginas, Souza faz notar que “a evolução da criação desta estrutura é muito maior na área de colonização portuguesa. Assim, é óbvia a imensa lacuna que se criou no processo de evangelização do Brasil” (p. 136). Diante, disso, nas páginas finais deste capítulo, em linhas gerais, é apresentado um perfil do clero diocesano na colonização espanhola e portuguesa (p. 142-143). No décimo terceiro capítulo apresenta-se a continuidade da organização estrutural da instituição religiosa através das Juntas, Sínodos e Concílios Provinciais (p. 144-151). No décimo quarto capítulo, Souza apresenta a conceituação de inquisição e os três tribunais do Santo Ofício na América espanhola (p. 152-159). No décimo quinto capítulo, tendo-se em consideração que a “escravidão foi responsável pelo cerceamento da liberdade de milhões de indígenas e africanos, e existiu, oficialmente, por mais de 300 anos” (p. 160), retrata-se este quadro trágico da história do Brasil e da América Latina e, ainda a relação escravidão indígena-catolicismo (p. 160-166). No décimo sexto capítulo apresenta, no início, o Tratado de Madri, mais um dos tantos do século XVIII, tratado de limites de fronteiras. Decidem as Coroas pelas terras em que vivem os guaranis, decidem o futuro dos outros. Com uma situação não adequada, segundo o pensamento político das Coroas, entra-se com aquilo que se tornou comum no mundo ocidental civilizado: a violência, através de uma e sempre insana guerra, dizimando a população guarani (p. 167-172).
No décimo sétimo capítulo, Souza traz uma introdução a esse vasto mundo da violência e ausência da liberdade em relação aos negros escravizados pelos portugueses e espanhóis. Nesta iniciação ao tema, o autor apresenta também a relação da Igreja Católica com o tráfico negreiro e a escravidão (p. 173-182). O décimo oitavo capítulo retrata o cenário de grande relevância para a história do catolicismo no período colonial: a presença dos jesuítas e suas atividades de evangelização, seus desafios, méritos e questionamentos (p. 183-196). No décimo nono capítulo destaca-se a importância da vida religiosa masculinas no Brasil e na América Latina colonial (p. 197-211). Por sua vez, no vigésimo capítulo apresenta-se um cenário geral da vida religiosa feminina no período colonial (p. 212-218). No vigésimo primeiro capítulo (p. 219-226) e no vigésimo segundo capítulo (p. 227-236) é oferecer uma visão panorâmica do catolicismo no Brasil a partir do Sínodo da Bahia e a promulgação das Primeiras Constituições (1707) até a chegada da família real portuguesa (1808); tratando de diferentes elementos dentro da organização eclesiástica do Brasil português: as dioceses e o episcopado, os cabidos (p. 220-226), das paróquias, o batismo, a confissão, o matrimônio; a vida religiosa, e a organização do laicato (p. 227-236). No vigésimo terceiro capítulo Souza observa que “a transferência da Corte Portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro, entre 1807-1808, precipitou acontecimentos que tiveram consequências de longa duração. Transformou radicalmente as relações entre a Metrópole e a sua colônia, provocou mudanças na conjuntura econômica, social, cultural e religiosa, traçando o rumo da independência brasileira. Durante catorze anos a Metrópole não passou de uma colônia do Brasil” (p. 237). Assim, nas páginas deste capítulo são apresentados a situação contextual e o catolicismo mergulhado no seu interior (p. 237-242). No vigésimo quarto capítulo, Souza retrata a conturbada transferência de Dom Lorenzo Capelli e as atividades do primeiro núncio de Portugal no Brasil (p. 243-250). Capelli chegou ao Rio de Janeiro seis meses após a chegada da família real.
No vigésimo quinto capítulo o autor apresenta o cotidiano colonial regido ela religião, as devoções populares de cunho cristológico e mariológico e a atividade sacramental no território de colonização espanhola (p. 250-256). No vigésimo sexto capítulo são apresentadas as teologias coloniais que forma modelando o imaginário e o comportamento da população local com consequências para as gerações futuras na formação de sua identidade”(p. 257-262). No vigésimo sétimo capítulo são apresentadas as atitudes de descrença nos tempos coloniais (p. 263-268). No vigésimo oitavo capítulo percorre-se o imaginário da morte através de testemunhos e testamentos, e a atividade das confrarias (p. 269-274).
Na quinta parte “Catolicismo século XIX, independências e um Império entre repúblicas” (p. 275-340), “adentrando ao século XIX, estuda as relações do catolicismo no período das independências, identificando a ‘flor exótica’, que foi o Brasil, em relação às novas nações: o Padroado continuava vigoroso no Império brasileiro. A teologia e o Primeiro Concílio Plenário Latino-Americano (1899), por fim, compõe o cenário desta parte” (p. 24). Assim sendo, no vigésimo nono capítulo apresenta-se um quadro sintético das condições e reações do catolicismo hispano-americano às vésperas da independência, tendo início pelas raízes ideológicas que fundamentaram essa ação (p. 277-286). No trigésimo capítulo, Souza destaca que a “Independência da América Latina aconteceu dentro de um processo de continuidade histórica. Não foi fruto somente de uma mera conjuntura política. O desenrolar e a própria independência tiveram fatos tumultuosos e caóticos. Tudo foi fruto de um vasto movimento que se foi preparando lentamente durante a época colonial e que, em conexão com os acontecimentos da Metrópole e das distintas regiões do Continente, se converteu numa situação irreversível, de consequências profundas e inesperadas. Na continuidade às independências, o pensamento da Santa Sé e o êxito do Papa Gregório XVI” (p. 287). Frente a isso, o propósito deste capítulo será o de analisar qual foi a relação da Igreja com as novas repúblicas (p. 287-299).
No trigésimo primeiro capítulo discorre sobre o pensamento e a ação do clero brasileiro no período da independência respondendo às seguintes interrogações: Qual foi a sua formação? Eram, na maioria, proprietários de terras? Houve uma Igreja galicana, de orientação nacional neste período? (p. 300-304). O capítulo trigésimo segundo retrata as dificuldades dos novos Estados no período pós-independência, a situação da Igreja neste cenário: suas perdas e ganhos, a escassez de padres, a Igreja nas novas Constituições, concordatas, Padroado (p. 305-310). O trigésimo terceiro capítulo analisa a situação da instituição numa estrutura constitucional em que a religião católica é a oficial do império (p. 311-321). Neste quesito Souza observa que a “questão religiosa revelará que a aparente aliança, através da continuidade do Padroado, não era tão profunda e tão benéfica à Igreja Católica. Eis a flor exótica na América Latina: Brasil, um império, e a continuidade do Padroado” (p. 311). No trigésimo quarto capítulo o autor observa que “a conhecida Questão Religiosa não pode ser compreendida sem a referência à instituição do Padroado no Brasil e à posição da Santa Sé” (p. 322). Desta forma, nas páginas deste capítulo o autor trata da Questão Religiosa que é de enorme importância para este período e os subsequentes (p. 322-325). No trigésimo quinto capítulo destacam-se aspectos da teologia católica no Império: uma teologia de inspiração ultramontana está a serviço da formação do clero, sendo uma sistematização dos dados teológicos e do magistério eclesiástico, uma teologia repetitiva e sem inovação (p. 326-333). O trigésimo sexto capítulo traz considerações sobre o Concílio Plenário Latino-Americano que ocorreu em Roma no ano de 1899: foi a primeira assembleia de bispos do período pós-independência e um antecedente das futuras Conferências do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, assim como do Sínodo da América (p. 334-340).
Na sexta parte “Catolicismo e os Estudos Liberais (1880-1930) e os Regimes Populistas (1930-1959)” (p. 341-389), Souza “coloca o catolicismo diante de novos desafios: sua relação com os Estados Liberais e Populistas. Qual é o posicionamento da Igreja Católica diante de regimes nada cristãos? A parte é finalizada com o estudo da I Conferência do Episcopado Latino-Americano que ocorreu no Rio de Janeiro em 1955” (p. 24). O trigésimo sétimo capítulo “retrata o período de 1880-1930 na América Latina e Caribe. O contexto econômico, político, social da região foi se transformando de acordo com o mercado mundial: sistema de transporte, comunicação, tecnologia, produtos agrícolas, relações de trabalho, grupos sociais e composição da população. Houve uma significativa mudança na política: a criação de um pacto neocolonial. Evidente que o campo religioso, imerso nessa conjuntura, sofreu modificações profundas. O regime do Padroado hispânico-português foi, juridicamente, extinto. E, assim, outras denominações religiosas puderam livremente celebrar seus cultos” (p. 343). Nesta perspectiva este capítulo apresenta o cenário, neste contexto, das relações da instituição religiosa, a Igreja Católica, frente ao Estado liberal (p. 343-357).
O trigésimo oitavo capítulo tem o propósito de apresentar sinteticamente dois grandes acontecimentos e seus desdobramentos para a Igreja na América Latina e Caribe (p. 358-379): “um externo à instituição religiosa: a crise econômica de 1929, que trouxe repercussões para a economia latino-americana e, por consequência para a Igreja Católica. Este contexto á caracterizado pelos totalitarismos e pela extrema violência da Segunda Guerra Mundial. Outro evento, interno à instituição religiosa, foi a eleição, em 1958, de Angelo Roncalli, o Papa João XXIII e a convocação, em 1959, do Concílio Vaticano II” (p. 358). O trigésimo nono capítulo apresenta o pensamento do episcopado sobre a Igreja e a realidade no continente na metade do século XX – por meio da realização da I Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho (p. 380-389).
Na sétima parte “Vaticano II, Medellín, a renovação do catolicismo no contexto dos regimes totalitários e a Teologia da Libertação” (p. 391-546), Souza apresenta “temáticas inseridas na renovação do catolicismo através da recepção do Concílio Vaticano II (1962-1965) e da Conferência de Medellín (1968). O contexto dos regimes de ditaduras militares é o cenário desse período, cenário também do nascimento da Teologia da Libertação e da Teologia do Povo. Merece destaque a apresentação histórica das Comunidades Eclesiais de Base e a realização de seus Encontros Intereclesiais” (p. 24). No quadragésimo capítulo, Souza caracteriza o Concílio Vaticano II como o “canteiro de obras” (p. 393), através deste evento a “Igreja é convocada a se abrir aos novos tempos: são novos paradigmas teológicos e pastorais. A sua importância é valiosa para a Igreja Latino-Americana e Caribenha que, por sua vez, será de enorme relevância para as Igrejas com a sua primeira conferência, Medellín” (p. 393). Nas páginas deste capítulo, Souza apresenta em linhas gerais, o Concílio Vaticano II (p. 393-400). Por sua vez, no quadragésimo primeiro capítulo destaca que “entre as diversas comissões oficiais e grupos informais do Concílio Vaticano II, merece destaque especial um grupo cuja principal preocupação era a evangelização dos pores, tanto que foi denominado ´Igreja dos Pobres´. E deste grupo nascerá o Pacto das Catacumbas” (p. 401). Nesta perspectiva este capítulo estuda o contexto e apresenta o texto desse importante documento não somente para a Igreja Latino-Americana, mas para a Igreja (p. 401-405).
Na sequência, o quadragésimo segundo capítulo coloca-nos diante da Conferência de Medellín, caracterizando-a como o “pequeno Concílio latino-americano e caribenho” (p. 406). Neste capítulo Souza apresenta um percurso histórico sintético no intuito de refletir e responder à seguinte pergunta: o que pensava o episcopado latino-americano na virada do século XIX para o século XX? Essa pergunta é de grande importância para e entender os desdobramentos históricos no continente antes do Vaticano II (p. 406-425). No quadragésimo terceiro capítulo o autor apresenta a relação do catolicismo na América Latina com os regimes e ditaduras militares entre as décadas de 1960 e 1990 (p. 426-466). Nestas páginas, Souza destaca que “o estudo apresenta a relação entre os poderes em países em que a ditadura não foi instaurada e, por vezes, as relações são marcadas por desconfiança e por grupos não favoráveis às atividades da Igreja e os descartados da sociedade” (p. 426). No quadragésimo quarto capítulo o autor apresenta um sucinto histórico da Teologia da Libertação (p. 466-488). O quadragésimo quinto capítulo apresenta algumas notas características da Teologia do Povo (p. 489-499). No quadragésimo sexto capítulo apresenta-se o conceito de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), sua importância para a Igreja Católica, especialmente no Brasil, e suas atividades (p. 500-527). Por sua vez, no quadragésimo sétimo capítulo, Souza apresenta um resumo dos 14 Encontros Intereclesiais de Base, a preparação do 15º e uma análise do período de 1975 a 1985 (p. 528-546).
Na oitava parte intitulada “De Puebla a Aparecida, o caminho de continuidade e descontinuidade” (p. 547-619), Souza “percorre o caminho de Puebla (1979) a Aparecida (2007). São estudadas estas duas conferências e a Conferência de Santo Domingo (1992). Destaques mariológico e martiológico são dedicados às senhoras de Guadalupe e Aparecida, e a vida e martírio de São Oscar Romero” (p. 25). No quadragésimo oitavo capítulo, o autor apresenta alguns aspectos da Conferência de Puebla, objetivando apresentar, através da preparação, do contexto e do evento, uma análise do percurso desta igreja, da evangelização libertadora que sempre é um desafio para a instituição religiosa neste continente (p. 549-566). No quadragésimo nono capítulo, aborda a IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho realizada em Santo Domingo, no ano de 1992, mais especificamente neste capítulo, Souza traz a apresentação da preparação, realização e uma visão geral sobre o Documento Final desta Conferência repleta de conflitividades (p. 567-577). O Sínodo da América (1997), sua realização e exortação pós-sinodal é o assunto do quinquagésimo capítulo (p. 578-584).
No quinquagésimo primeiro capítulo, o autor traz uma apresentação sintética e crítica de aspectos da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, Aparecida, realizada em 2007 (p. 585-605). Souza ressalta que esta conferência “até o momento, significou a síntese da renovação missionária que começou a germinar em Medelín” (p. 585). No quinquagésimo segundo capítulo, tendo em conta que “a América Latina e o Caribe, desde os tempos coloniais, invocaram, através de diversos títulos mariológicos, a mãe de Jesus” (p. 606), são apresentados notas sobre dois destes títulos: Guadalupe e Aparecida, propondo uma reflexão histórica sobre a formação religiosa crítica de fiéis católicos na América Latina, particularmente, no Brasil (p. 606-613). O quinquagésimo terceiro capítulo tem por finalidade apresentar Dom Oscar Arnulfo Romero: grande cristão e santo da América Latina destacando seu profetismo e martírio (p. 614-619). Souza ressalta que “Romero e vários outros cristãos/ãs morreram pela fé, pelo amor e pela dedicação total a Cristo e ao próximo” (p. 614).
Na nona parte “Francisco, um papa latino-americano” (p. 621-646), Souza “desenvolve três temáticas: o papa latino-americano, Francisco; o Sínodo para a Amazônia e os preparativos para a I Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe” (p. 25). No quinquagésimo quarto capítulo, em síntese, o autor faz uma apresentação histórica sobre Bergoglio, o Papa Francisco: sua biografia, seus escritos e a esperança de uma reforma para que a instituição siga fielmente os passos de Jesus de Nazaré (p. 623-632). O quinquagésimo quinto capítulo aborda o Sínodo para a Amazônia em três pontos: os seus antecedentes, a realização do Sínodo e a Exortação Pós-Sinodal: Querida Amazônia (p. 633-642). Por fim, o quinquagésimo sexto capítulo apresenta, em síntese os antecedentes e os preparativos da I Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, convocada pelo Papa Francisco: assembleia que pretende acompanhar o processo de reestruturação do CELAM, escutando o Povo de Deus (p. 643-646).
Ney de Souza finaliza esta obra apresentando um elenco de filmes/documentários (p. 647-651) e documentos sobre a Igreja na América Latina e no Caribe (p. 653-654) – segundo Souza “a arte cinematográfica é parceira deste estudo levando a uma visualização pedagógica do texto apresentado” (p. 25). Além disso, para completar o volume - o autor apresenta uma excelente bibliografia de obras nacionais e internacionais sobre o assunto (p. 655-693).
A caminhada e a vivacidade da Igreja na América Latina... Esta obra que pertence à Coleção Iniciação à Teologia escrita magistralmente por Ney de Souza preenche uma lacuna a este respeito e poderá ser usada com muito proveito por professores e estudantes de teologia, bem como, por estudiosos e interessados nesta temática para pensar a eclesialidade latino-americana. A competência do autor impressiona e, assim sendo, esta obra elaborada com objetividade e clareza, bem fundamentada/documentada, com uma linguagem precisa, de leitura ágil e envolvente permitirá “passar pela história na América Latina possibilita identificar momentos paradigmáticos de busca de uma identidade latino-americana, sustentada no anseio de construir um cristianismo que dialogue com este continente. Possibilita também perceber as contradições que são próprias da história e, sem ocorrer no anacronismo de julgar o passado com os olhos do presente, perceber limites e caminhos para a construção de um cristianismo latino-americano” (p. 15-16).
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História da igreja na América Latina. Artigo de Eliseu Wisniewski - Instituto Humanitas Unisinos - IHU