29 Setembro 2022
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 28-09-2022.
O Papa Francisco interveio na troca de prisioneiros de guerra entre a Ucrânia e a Rússia, como ele próprio confessou durante o seu encontro com os jesuítas das regiões russófonas do Cazaquistão, e que será publicado amanhã com exclusividade pela La Civiltà Cattolica.
“Um chefe militar encarregado da troca de prisioneiros veio, novamente com o conselheiro religioso do presidente Zelensky”, explica o pontífice, segundo a ANSA. "Desta vez eles me trouxeram uma lista de mais de 300 prisioneiros. Eles me pediram para fazer algo, para fazer uma troca. Liguei imediatamente para o embaixador russo para ver se algo poderia ser feito, se uma troca de prisioneiros poderia ser acelerada."
"Há uma guerra e acho que é um erro pensar que este é um filme de caubói em que há mocinhos e bandidos. E também é um erro pensar que esta é uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia e pronto. Não: esta é uma guerra mundial", destacou Bergoglio durante o encontro, que aconteceu na manhã de 15 de setembro e cujo conteúdo integral foi recolhido por Antonio Spadaro, SJ.
❗?
— La Civiltà Cattolica (@civcatt) September 28, 2022
+++#PapaFrancesco a colloquio coi #gesuiti della Regione russa in Kazakistan.
«LIBERARE I CUORI DALL’ODIO».
Domani #29settembre
dalle ore 10 il TESTO INTEGRALE sul nostro sito
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Durante a conversa, o pontífice sublinhou que "o que é preciso fazer" é "livrar os corações do ódio" e lamenta as reações adversas a algumas das suas declarações, nas quais apelou ao diálogo também com o agressor. “Desde o primeiro dia da guerra até ontem falei constantemente sobre este conflito, referindo-me ao sofrimento na Ucrânia”, insiste o Papa, que lamenta que nem sempre tenha sido compreendido.
"Gostaria de lhe dizer que não estou interessado em que defenda o Papa, mas em pessoas que se sintam acariciadas por você, que são irmãos do Papa. O Papa não se zanga se for mal compreendido, porque conheço bem o sofrimento", sublinhou Bergoglio em conversa com os jesuítas, na qual também confessou seu encontro com um bispo católico ucraniano, e lembrou-lhe que "descrevi a invasão da Ucrânia como uma agressão inaceitável, repugnante, sem sentido, bárbara e sacrílega. Leia todas as declarações! A assessoria de imprensa as recolheu".
Sobre a polêmica que surgiu após a morte de Dugina (filha de um dos principais intelectuais de Putin, que morreu em um ataque na Rússia), que fez com que o núncio fosse convocado a Kiev, Francisco explicou que "depois de falar da Ucrânia, pensei em dizer uma palavra ao sofrimento dos dois povos, o ucraniano e o russo. Porque nas guerras é o povo que sofre. São os pobres que pagam, como sempre. E isso gera ódio”.
"Aqueles que fazem a guerra esquecem a humanidade e não olham para a vida concreta das pessoas, mas colocam os interesses partidários e o poder acima de tudo. Cidadãos comuns em cada conflito são as verdadeiras vítimas, que pagam na própria pele as loucuras da guerra. Depois também me referi à menina que explodiu. Naquela época as pessoas esqueceram tudo o que eu tinha dito até aquele momento e só prestaram atenção nessa referência. Mas eu entendo a reação das pessoas, porque elas estão sofrendo muito", refletiu o Papa.
Francisco também lembrou sua visita à embaixada russa: "Foi um gesto incomum: o Papa nunca vai à embaixada. Ele só recebe pessoalmente os embaixadores quando apresentam suas credenciais e no final de sua missão em uma visita de despedida. Disse ao embaixador que gostaria de falar com o presidente Putin desde que ele me deixasse uma pequena janela para o diálogo". Um encontro que, pelo menos por enquanto, ainda não aconteceu.
Durante o encontro, o Papa confirmou que não visitará Kiev por enquanto. "Enviei os cardeais Czerny e Krajewski à Ucrânia, que trouxeram a solidariedade do Papa. O secretário para as Relações com os Estados, monsenhor Gallagher, visitou (...). indo neste exato momento; no entanto, veremos mais tarde", concluiu.
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Francisco interveio nas negociações para conseguir a troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU