13 Setembro 2022
O conhecimento é semelhante à jangada necessária para atravessar o rio do crescimento físico e espiritual da criança ou do jovem.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado em Il Sole 24 Ore, 11-09-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Com uma parábola, vou lhes mostrar como o ensinamento é semelhante a uma jangada: ela é construída para cruzar um rio, e não para carregá-la sempre consigo, presa às costas.”
Quem fala é Buda, no seu “Discurso do exemplo da serpente”, e a parábola é sugestiva para definir a missão de um genitor ou de um educador. O próprio verbo o diz: “educar”, pela sua matriz latina, é e-ducere, ou seja, “extrair” da dotação interior do filho ou do discípulo suas potencialidades e fazê-las florescer, podando os ramos secos e inúteis.
Por isso, a formação é decisiva: ela é semelhante à jangada necessária para atravessar o rio do crescimento físico e espiritual da criança ou do jovem.
Mas, uma vez desembarcado na outra margem onde se estende a planície do seu futuro, será ele que fará o seu caminho, relembrando a experiência vivida, o ensinamento recebido, o amor que lhe foi dado.
Muitas vezes, assistimos a dois extremos. Há genitores que não oferecem nenhuma jangada, deixando o filho solitário e inexperiente em meio às ondas do rio da vida, com o risco do naufrágio. Outros, por sua vez, gostariam de subir com ele nessa embarcação, seguindo-o também no seu terreno, onde ele terá que construir seu destino.
Buda, então, continua em seu discurso, dando voz ao jovem: “Essa jangada me foi muito útil, mas vou deixá-la aqui e continuarei o meu caminho”.
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A jangada. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU