De olhos fechados. Artigo de Gianfranco Ravasi

Santo Agostinho de Hipona. (Foto: Reprodução | Pais da Igreja)

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29 Agosto 2022

 

Santo Agostinho, que é lembrado no calendário precisamente no dia 28 de agosto, dia da sua morte em 430, recordava a necessidade de “retornar ao homem interior” que está em nós.

 

O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado em Il Sole 24 Ore, 28-08-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

Eis o texto.

 

“Não é verdade, talvez, que para desfrutar plenamente de algo profundo devemos fechar os olhos? Como quando se ouve um concerto, se faz amor, se reza.”

 

O Casentino é um território montanhoso da Toscana que inclui o alto vale do Arno, uma área marcada por pastagens e castanheiros, onde estão localizados os conventos de Verna e de Camaldoli, memórias de grandes santos como Francisco e Romualdo.

 

Nessa mesma região, em Quorle, Wolfgang Fasser, um fisioterapeuta cego cuja história é narrada no livreto “Invisível aos olhos”, havia se retirado para um eremitério. É dele a consideração que mencionamos acima e que se baseia na nossa locução comum “de olhos fechados”. Ela pode ter um duplo sentido. O negativo e mais banal é facilmente evidente: se você avança de olhos fechados, corre o risco de cair em um abismo.

 

Mas há também uma acepção positiva, presente na expressão “fazer algo de olhos fechados”, para indicar um conhecimento pleno. Assim, desabrocha o valor da frase de Fasser: fechar os olhos nos momentos mais altos da escuta, do amor, da oração é fazer cair a cortina sobre a exterioridade e voltar a si mesmo.

 

O profeta Balaão é definido na Bíblia como um “homem de olho penetrante”, mas, no original hebraico, tem-se literalmente “olho fechado” (Números 24,3). Pôr um freio no excesso de imagens e de cenas exteriores, fechando os olhos do corpo e da alma, é um exercício necessário, libertador e alegre.

 

Santo Agostinho, que é lembrado no calendário precisamente no dia 28 de agosto, dia da sua morte em 430, recordava a necessidade de “retornar ao homem interior” que está em nós.

 

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