17 Agosto 2022
Quando tiverem um peso na alma, olhem para as estrelas ou para o azul do céu. Quando se sentirem tristes, tiverem sido ofendidos ou algo não deu certo, quando a tempestade rugir dentro de vocês, saiam ao ar livre e fiquem a sós com o céu. Então a vossa alma encontrará a quietude.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado por Il Sole 24 Ore, 14-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Era 14 de agosto de 1922 e o cientista, filósofo e teólogo Pavel Florensky do terrível gulag em que havia sido internado pelo poder soviético escreve a seus filhos as palavras que citamos. É um apelo à esperança que vai além de toda desolação e acende uma chama no coração congelado pelo sofrimento. O convite para ter confiança, apesar de tudo, é confiado a um símbolo, o azul do céu pontilhado por estrelas numa noite de verão. Aqueles astros, aos olhos de quem os contempla com olhar puro, são os eternos companheiros da humanidade e são mensageiros de um sentido superior.
É claro que na superfície da terra estende-se o escuro campo de concentração, erguem-se as miseráveis barracas das quais exala a respiração ofegante dos internos. Mas sobre esse horizonte terreno, que a humanidade cria com sua liberdade perversa e degenerada, o manto do infinito se desdobra com suas belezas e maravilhas. "Ficar a sós com o céu" pode tornar-se um diálogo que consola e induz a lutar pela vida; é uma conversa não alienante, mas libertadora, não deprimente, mas encorajadora. Mesmo ao triste e velho Abraão, patriarca bíblico, Deus disse naquela noite: "Olhe para o céu e conte as estrelas, se as pode contar" (Gn 15, 5).
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#O azul no céu. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU