O Papa Francisco fala de um “poder econômico-tecnocrático-militar” e explica a sua visão geopolítica atual

Foto: Pixabay

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26 Março 2022

 

“Continua-se a governar o mundo como um ‘tabuleiro de xadrez’, onde os poderosos estudam as jogadas para estender o domínio às custas dos outros”.

 

A reportagem é publicada por Il Sismografo, 24-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

O Papa Francisco, hoje, em um discurso dirigido aos participantes do encontro promovido pelo Centro feminino italiano, explicou sua visão geopolítica propondo-a a seus interlocutores à luz do que é o mundo um mês após a agressão de Putin contra a Ucrânia. O que Francisco diz é bastante inédito e, acima de tudo, é relevante que ele tenha decidido expressar isso neste momento, especialmente quando o presidente Biden estava em Bruxelas e a OTAN confirmava o seu secretário-geral. Aqui está o texto oficial:

 

Sala Clementina

Quinta-feira, 24 de março de 2022

 

"Penso que para aquelas entre vocês que pertencem à minha geração seja insuportável ver o que aconteceu e está acontecendo na Ucrânia. Mas infelizmente isso é fruto da velha lógica de poder que ainda domina a chamada geopolítica. A história dos últimos setenta anos o demonstra: nunca faltaram guerras regionais; por isso eu disse que estávamos na terceira guerra mundial em pedaços, um pouco por toda parte; até chegar a esta, que tem uma dimensão maior e ameaça o mundo inteiro. Mas o problema básico é o mesmo: continua-se a governar o mundo como um 'tabuleiro de xadrez', onde os poderosos estudam as jogadas para estender o domínio às custas dos outros.

A verdadeira resposta, portanto, não são outras armas, outras sanções. Fiquei envergonhado quando li, sei lá, um grupo de países se comprometeu a gastar dois por cento, creio eu, ou dois por mil do PIB, na compra de armas, como resposta ao que está acontecendo agora. Uma loucura! A verdadeira resposta, como eu disse, não são outras armas, outras sanções, outras alianças político-militares, mas uma outra abordagem, uma forma diferente de governar o mundo já globalizado - não mostrando os dentes, como agora -, uma forma diferente de orientar as relações internacionais. O modelo do cuidado já está em ato, graças a Deus, mas infelizmente ainda está sujeito ao do poder econômico-tecnocrático-militar.

 

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