Toda guerra é um crime contra a humanidade

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22 Março 2022

 

"Não existe guerra justa. Não há nenhum motivo no mundo que justifique uma declaração de guerra. Toda guerra é um crime contra a humanidade. Os que se acham no direito de declarar guerra - seja qual for o motivo - são criminosos assassinos", escreve frei Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) e professor aposentado de Filosofia da UFG.

 

Eis o artigo.

 

Não existe guerra justa. Não há nenhum motivo no mundo que justifique uma declaração de guerra. Toda guerra é um crime contra a humanidade. Os que se acham no direito de declarar guerra - seja qual for o motivo - são criminosos e assassinos.

A declaração de guerra e a invasão russa da Ucrânia iniciou em 24 de fevereiro deste ano. As principais razões (que na realidade não são razões) apontadas para tentar justificar tamanha iniquidade humana, que é a guerra contra um país irmão, são: a possibilidade de adesão da Ucrânia à OTAN, aliança militar de 30 países, que se expandiu pelo Leste Europeu; a contestação do direito à autodeterminação da Ucrânia e, consequentemente, do direito à soberania independente da Rússia; e o desejo de Vladimir Putin de restabelecer a zona de influência da antiga União Soviética.

A guerra já chegou ao seu 23º dia na sexta-feira 18 deste mês de março “com relatos de bombardeios russos a áreas residenciais e ao metrô de Kiev, evacuação da cidade estratégica de Mariupol e com a expectativa da retomada de negociações de paz, que foram interrompidas no dia anterior. O último balanço de Moscou estimava em quase 500 o número de soldados russos mortos. Mas fontes de inteligência americana dizem que algo entre 2 mil e 4 mil soldados russos morreram. Kiev afirma que morreram 1,3 mil soldados ucranianos. A estimativa é de que, só em Mariupol, mais de 2,5 mil civis tenham sido mortos. A BBC (British Broadcasting Corporation: Corporação Britânica de Radiodifusão) não conseguiu verificar esses números de forma independente. Até agora, a ONU estima que mais de 2,8 milhões de ucranianos deixaram o país” (link disponível aqui).

Mesmo que não haja sempre concordância quanto ao número de mortes de civis e militares da Ucrânia e da Rússia, com certeza essa guerra absurda e totalmente irracional já causou milhares e milhares de vítimas inocentes.

Como podem Vladimir Putin e todos os que apoiam a guerra ser tão insensíveis e tão cruéis? Como podem ser frios assassinos de milhares de vítimas inocentes? Não são esses criminosos os verdadeiros demônios de hoje?

Ora, o que deve também ser denunciado e condenado como diabólico é o comportamento do Patriarca de Moscou Cirillo I, da Igreja Ortodoxa Russa, nossa Igreja Irmã. Recentemente Cirillo I - que se declara amigo de Vladimir Putin - disse em discurso público que a guerra é justa porque luta contra modelos de vida contrários à tradição cristã. Que absurdo! Infelizmente, com esse seu posicionamento, este nosso irmão mostrou que não entendeu nada do Evangelho. Para um cristão de qualquer Igreja é muito doído ouvir essas palavras do Patriarca, que - como pastor - deveria ser um testemunho vivo de radicalidade evangélica. Oremos pela sua conversão!

Graças a Deus, nem tudo está perdido! A esperança nunca morre! Com sua autoridade moral, mundialmente reconhecida, o nosso irmão o papa Francisco - após a oração do Angelus de domingo 13 deste mês de março - lançou um caloroso e sincero apelo pelo fim do "massacre" e do "ataque armado inaceitável" na Ucrânia. Francisco condenou a "barbárie" de matar civis, incluindo crianças. E implorou: "Em nome de Deus, peço que parem com esse massacre".

Ouçamos o clamor do papa e peçamos a Deus que os responsáveis pela guerra na Ucrânia voltem ao uso da razão. Façamos nossa a Oração da Paz de São Francisco de Assis.

 

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz!
Onde houver ódio, que eu leve o amor;

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido;

amar que ser amado.
Pois é dando que se recebe;
é perdoando que se é perdoado;
e é morrendo que se vive para a Vida eterna.

 

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