25 Junho 2021
O presidente da Conferência Episcopal alemã em audiência hoje no Palácio Apostólico. Colóquio sobre os temas dos abusos e do caminho sinodal: "Francisco está bem informado sobre a situação da Igreja na Alemanha, espera que as tensões possam ser superadas".
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican News, 24-06-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O debatido SinodalWeg, o caminho sinodal iniciado pela Igreja Alemã em 2019 para discutir temas de moral e doutrina, esteve no centro das conversas desta manhã entre o Papa Francisco e D. Georg Bätzing. O bispo de Limburgo e presidente da Conferência Episcopal alemã foi recebido no Palácio Apostólico e quis assegurar ao Papa que o episcopado que dirige não tem intenção de trilhar "caminhos especiais" nas questões que estão no centro do percurso sinodal, como a crise dos abusos do clero, a falta de vocações, o celibato sacerdotal, a doutrina sexual católica, o papel da mulher e assim por diante. Uma forma, por parte do bispo, de desmentir os rumores de um eventual "cisma" alemão, temido por alguns setores.
A audiência foi cordial e cheia de ideias, como Bätzing sugere em um comunicado oficial publicado pela DBK, que esta manhã divulgou em sua conta no Twitter uma foto do bispo subindo as escadas do Palácio Apostólico que levam ao pátio de San Damaso. Na nota, explica-se que o encontro foi uma oportunidade para fazer um balanço da Igreja na Alemanha, recentemente sob os holofotes com a renúncia - rejeitada pelo Papa - do Cardeal Reinhard Marx devido à crise dos abusos e sua gestão.
“Após minha visita inaugural ao Papa Francisco como presidente da Conferência Episcopal alemã, um ano atrás, pude encontrar o Santo Padre novamente hoje, após o longo período de pandemia”, disse Bätzing. “No centro de nossa conversa estava, em primeiro lugar, a situação da Igreja na Alemanha em vista do tratamento dos casos de abuso sexual e a difícil situação em várias dioceses. O Papa Francisco está bem ciente da situação da Igreja na Alemanha. Ele espera que as tensões possam ser superadas”. Em particular, o bispo diz que ficou "impressionado com o conhecimento equilibrado" com que o Papa "percebe a situação da Igreja na Alemanha e traduz os problemas em palavras".
"O Papa Francisco acompanhará a Igreja em nosso país no caminho de saída da crise", garante o presidente dos bispos alemães, relatando também que “informou o Papa em detalhes sobre o estado do caminho sinodal". Caminho que o Papa, numa carta de cerca de dez páginas aos vértices da Igreja alemã de 29 de junho de 2019, recomendava como oportunidade para “pôr em marcha processos que nos construam como Povo de Deus”, sem se deixar distrair pela “busca de resultados imediatos que geram consequências rápidas e midiáticas, mas efêmeras por falta de maturidade ou por não responderem à vocação a que somos chamados”.
Bätzing diz que relatou ao Papa em detalhes o estado dos trabalhos, agora em seu segundo ano, com a contribuição de uma representação de leigos (Zentralkomitee der Deutschen Katholiken) e especialistas externos. Acima de tudo, o prelado explica que “esclareceu que não são verdadeiros os rumores de que a Igreja na Alemanha deseja trilhar caminhos especiais”. “O Papa Francisco - continua - incentivou-nos a continuar o caminho sinodal, a discutir as questões da pauta de forma aberta e honesta e a chegar a recomendações para uma mudança nas ações da Igreja”. Ao mesmo tempo, Francisco - segundo as declarações de Bätzing “convidou a Igreja na Alemanha a ajudar a delinear o caminho da sinodalidade” anunciado para o Sínodo dos Bispos de 2023, que terá como tema justamente aquele da sinodalidade.
O bispo de Limburgo diz estar "grato" ao Pontífice que o "fortaleceu" em seu ofício de bispo de Limburgo e presidente da Conferência Episcopal. Ele também está grato por ter podido falar a Francisco "longamente" sobre questões ecumênicas, importantes no tecido eclesial alemão, e do recente III Congresso Ecumênico de Igrejas (Ökumenische Kirchentag), "do qual expliquei o impacto". Trata-se do evento que aconteceu no último dia 13 de maio e envolveu as Igrejas Protestante e Católica da Alemanha empenhadas em debates teológicos e diálogos abertos entre seus representantes, transmitidos por streaming. Também naquela ocasião, Bätzing - em diálogo com o presidente do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha (EkD), Heinrich Bedford-Strohm - desmentiu expressamente a acusação de que a Igreja na Alemanha desejasse separar-se de Roma ou fosse cismática e pediu uma melhoria da comunicação com Roma, limitada no último ano pela pandemia.
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A Igreja na Alemanha não trilhará “caminhos especiais”, afirma presidente da Conferência Episcopal dos Bispos Alemães - Instituto Humanitas Unisinos - IHU