15 Outubro 2020
Um cardeal alemão e o líder da principal Igreja Protestante do país insistiram na busca de soluções para a comunhão compartilhada.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Novena News, 12-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“Eu gostaria de ver cristãos celebrando a Eucaristia juntos, sem precisar nos tornarmos uma Igreja unificada”, disse o cardeal Reinhard Marx.
“Nós não vamos desistir. Eu prometo isso”, disse Heinrich Bedford-Strohm, bispo da Igreja Luterana Evangélica na Bavária e presidente do Conselho de Igrejas Evangélicas da Alemanha (EKD) – uma organização representada por 20 igrejas e 23 milhões de alemães protestantes.
Eles concederam entrevista à estação de rádio Bayern2, no último dia 09 de outubro.
Novas reações das Igrejas, vetos do Vaticano a teólogos
Bedford-Strohm e Marx estavam manifestaram-se em reação a uma advertência de 18 de setembro da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé de que uma proposta de setembro de 2019 para “hospitalidade eucarística recíproca”, elaborada por um grupo de trabalho conjunto de teólogos católicos e protestantes, continha erros doutrinais.
Na semana passada, a Conferência dos Bispos Católicos Alemães publicou em seu site o texto integral da advertência do Vaticano e reconheceu que “para a Igreja Católica, as questões abertas são tão importantes que não se sente capaz de permitir a participação mútua em geral antes que esses sejam esclarecidos, especialmente porque a questão da unidade da Igreja Católica é afetada aqui também”.
Embora tenha criticado algumas partes da advertência do Vaticano, o Conselho do EKD reconheceu que entre a Missa Católica e a Comunhão Protestante existem diferenças “sobretudo na prática, mas também na compreensão do que é celebrado”.
O grupo de trabalho ecumênico de teólogos, por sua vez, lembrou que “a busca da verdade, do conteúdo do evangelho, em princípio só pode ser realizada na Igreja de forma dialógica, e diálogo também significa transparência”.
“Este é um caminho que perseguiremos”
Falando à rádio, Marx reconheceu que depois do último “não” do Vaticano para a intercomunhão seria um arduoso caminho para as Igrejas celebrarem juntas algum dia, mas ele disse que, no entanto, tem esperança de que um dia isso se torne realidade.
O cardeal também observou que sobre a questão da comunhão compartilhada está com a cúria da Igreja Católica, “uma vez que os outros querem e somos nós que dizemos ‘não’”. Entretanto, Marx alerta que fazer a hospitalidade eucarística recíproca não pode ser o único objetivo do ecumenismo, já que “isso não é inteiramente justo”.
Bedford-Strohm, por sua vez, reconheceu que ficou desapontado com a rejeição de Roma, mas disse que a discussão não havia terminado.
“Este é um caminho que seguiremos”, prometeu o presidente do Conselho do EKD, acrescentando que, por parte dos bispos católicos alemães, ele sente uma “vontade muito forte” de avançar na questão da comunhão compartilhada.
Bispos ganham prêmio da paz por serem “modelos de compreensão ecumênica”
Bedford-Strohm e Marx falaram antes de serem homenageados na noite de sábado com o Prêmio Augsburg da Paz 2020 por sua “vontade incondicional de viver juntos em paz”.
Na entrevista à rádio, o bispo luterano disse que o Prêmio da Paz era um reconhecimento não só para ele e para o cardeal, mas também “para todas as pessoas que estão comprometidas com o ecumenismo, que praticam o ecumenismo todos os dias”.
Marx, por sua vez, chamou o reconhecimento do prêmio de “que nós, como Igrejas Cristãs, queremos fazer a paz juntos, construir pontes, dar esperança”.
Na cerimônia de sábado à noite, o ex-presidente da Alemanha Joachim Gauck saudou os dois líderes cristãos como “modelos de compreensão ecumênica”.
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Cardeal alemão e líder protestante insistem: “nós não vamos desistir”, em busca da intercomunhão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU