27 Janeiro 2021
Em um ano, o número de cristãos mortos no mundo por motivos religiosos aumentou em 60%: foram 2.983 óbitos em 2019 registrados pela organização Portas Abertas, passando para 4.761 no ano passado, a maioria – 91% - ocorrida na África. Só a Nigéria responde por 2,2 assassinatos perpetrados por radicais islâmicos.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A pandemia do covid-19 tem alavancado e justificado discriminações e violência contra cristãos, revelou em conferência o presidente de Portas Abertas mundial, David Curry, ao comentar o relatório preparado pela organização sobre perseguição a cristãos no mundo. “A maioria dos cristãos mortos em 2020 entregou suas vidas a grupos extremistas, não a governos”, apontou.
Destacam-se no relatório de Portas Abertas os extremistas religiosos hindus no Nepal e na Índia, e grupos islâmicos como Al Qaeda e ISIS (Estado Islâmico do Iraque e da Síria, uma organização jihadista islamita). Mas o relatório também menciona a repressão do Partido Comunista Chinês, que, usando tecnologia de vigilância, rastreia e pune quem frequenta igrejas.
As restrições impostas pela pandemia encobriram perseguições em muitos lugares, disse Curry. Cristãos perderam empregos por causa do covid-19 e governos se recusaram a fornecer ajuda a crentes desempregados. É uma perseguição silenciosa, denunciou. No nordeste da Nigéria, cristãos receberam apenas 15% da quantidade das rações de emergência distribuídas à população em necessidade.
O relatório anual de Porto Abertas, que cobre o período de outubro de 2019 a setembro de 2020, arrola, ainda, a detenção ou prisão injusta de 4.277 cristãos e ao sequestro por causa de sua fé religiosa de 1.710 seguidores do cristianismo.
Em dezembro passado, o Conselho de Direitos Humanos da ONU denunciou o governo do Azerbaijão de violar o artigo 18 de Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos por perseguição e cobrança de multa de Testemunhas de Jeová pelo simples fato de se reunirem numa residência particular para estudar a Bíblia.
O encontro de estudo bíblico ocorreu em Ganja, em 2014. Policiais invadiram a casa de Saladdin Mammadov, quando confiscaram Bíblias e outros itens. Tribunal da cidade decidiu que a reunião era ilegal e que as três pessoas reunidas não faziam parte de associação religiosa registrada em Ganja. Foram condenados a uma multa de 2 mil manats (certa de 6,2 mil reais).
Em Baku, também em dezembro de 2014, Rahima Huseynova foi presa e condenada a pagar uma multa de 1,5 mil manats (cerca de 4,6 mil reais) porque falou de sua crença a outras pessoas. Os dois casos foram encaminhados pelas vítimas a um tribunal internacional.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU exigiu que o Azerbaijão pague indenização apropriadas a ess@s seguidor@s das Testemunha de Jeová e que revise suas leis, regulamentos e práticas locais para garantir os direitos assegurados pelo artigo 18.
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Perseguições a cristãos crescem em 2020 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU