O ex-ministro das Relações Exteriores do Governo de Michelle Bachelet, Heraldo Muñoz, nesta segunda-feira durante uma entrevista na rádio "Cooperativa" de Santiago do Chile reconheceu que a informação sobre o bispo Juan Barros, considerado culpado de ter encoberto os abusos sexuais de seu mentor, padre Fernando Karadima, "era conhecida" entre as mais altas autoridades do país e foi transmitida para as autoridades competentes. D. Barros foi nomeado Bispo das Forças Armadas do Chile pelo Papa João Paulo II em 9 de outubro de 2004.
A informação é publicada por Il Sismografo, 30-04-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Muitos anos depois, em 2015, quando o país sul-americano era governado por Bachelet, o ex-ministro Heraldo Muñoz, por solicitação da governante e após uma conversa com o então ministro da defesa, Jorge Burgos, convocou a altas horas em seu escritório Mons. Ivo Scapolo, núncio do Vaticano, para pedir ao Santo Padre, possivelmente de forma imediata, o afastamento do bispo Barros. Por quê?
Porque, de acordo com o ex-ministro, o seu colega Burgos tinha lhe pedido para tomar essa delicada iniciativa porque "havia certa agitação nas Forças Armadas pela presença de Barros dentro das instituições armadas." O ex-ministro Heraldo Muñoz concluiu dizendo, agora: "Esta informação sobre o bispo era conhecida, mas não foi transmitida e, portanto, acredito que as sanções por parte do Papa chegarão em algum momento. A notícia do afastamento chegou alguns meses após o nosso pedido. Contudo ficamos surpresos quando, mais tarde, foi nomeado bispo de Osorno".
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