17 Outubro 2017
O cardeal Christoph Schönborn volta a fazer uma defesa contundente da exortação apostólica Amoris Laetitia do Papa Francisco, um documento que, na opinião do cardeal austríaco, está estreitamente “na linha do Catecismo”. Texto que os críticos de A Alegria do Amor deveriam estudar, acrescentou, para entender o enfoque da exortação apostólica “na pessoa atuante, e não apenas na objetividade das normas”.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 15-10-2017. A tradução é de André Langer.
Por ocasião do 25º aniversário do Catecismo da Igreja Católica, Schönborn – um dos principais impulsionadores deste compêndio da doutrina da Igreja – concedeu uma entrevista à Kathpress na qual relatou os êxitos e fracassos deste quarto de século da existência do documento.
Refletindo sobre os progressos da Igreja neste período de tempo – que passaram, em particular, pelos Sínodos da Família em 2014 e 2015, pela publicação da Amoris Laetitia ou pela redescoberta da categoria da "misericórdia de Deus" no pontificado do Papa Bergoglio –, o cardeal observou que "a terceira parte do Catecismo, que trata da moral, proporciona as mesmas condições usadas pelo Papa" na sua exortação apostólica. Em A Alegria do Amor, continuou Schönborn, Francisco "cita o Catecismo várias vezes, a parte moral do Catecismo, onde, além da formulação clara das normas, o enfoque está sempre no caminho da pessoa".
Deve-se lembrar que as críticas à Amoris Laetitia feitas pelos quatro cardeais das "dubia" e pelos signatários da chamada "correctio filialis" centraram-se exclusivamente na questão de saber se o texto relaxa ou não a disciplina da Igreja sobre o acesso aos sacramentos dos fiéis divorciados e casados no civil. De acordo com o cardeal, uma fixação errada, à luz não só da totalidade da exortação apostólica, mas também do Catecismo, que analisa "a condição da ação, da liberdade e da responsabilidade humanas, as circunstâncias da vida e a situação concreta em que ocorre o ato moral da pessoa", ultrapassando qualquer norma que possa ser formulada de antemão.
É por isso que Schönborn argumentou em sua entrevista à Kathpress que "a luta sobre a Amoris Laetitia seria muito mais pacífica se os críticos estudassem os fundamentos do catecismo", que são "inteiramente orientados por Tomás de Aquino". Igualmente, de fato, a própria Amoris Laetitia, de acordo com o próprio Papa no seu encontro com os jesuítas de Cartagena das Índias.
O importante do Catecismo, prosseguiu o cardeal de Viena, é seu reconhecimento de que "todo ato moral acontece dentro de uma narrativa, na história de um ser humano concreto, com as marcas, possibilidades, condições, circunstâncias da vida, as limitações e oportunidades da própria liberdade". O enfoque exato que Schönborn destacou como "a importante contribuição da Amoris Laetitia".
Uma vez que a Amoris Laetitia "trata das condições da ação humana", para compreendê-la é preciso ler a parte correspondente no compêndio da doutrina da Igreja. E se alguém fizer isso "logo descobrirá que o Papa Francisco está na linha do Catecismo", afirmou o cardeal vienense.
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“A luta sobre a Amoris Laetitia seria muito mais pacífica se os críticos estudassem o Catecismo”, afirma o cardeal Schönborn - Instituto Humanitas Unisinos - IHU