22 Fevereiro 2018
Uma vítima de abusos de Fernando Karadima manifestou suas impressões sobre o encontro que teve com o padre Jordi Bertomeu, que teve que substituir o arcebispo Scicluna, devido ao problema de saúde que o mantém hospitalizado.
A reportagem é de Giselle Saure, publicada por La Nación, 21-02-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Sentir-se ouvido em um ambiente tão acolhedor e, ao que parece, também de confiança nos faz sentir que estamos diante de um processo sério, que esperamos que possa continuar escalando e tendo as consequências necessárias”, disse Juan Andrés Murillo nessa quarta-feira, 21.
Assim se manifestou a vítima de abusos cometidos pelo sacerdote Fernando Karadima, depois de se reunir com o representante do Vaticano, que investiga o eventual encobrimento dessas ações por parte do bispo Juan Barros.
O filósofo conversou com o padre Jordi Bartomeu, que está substituindo o arcebispo de Malta, Charles Scicluna – que permanece hospitalizado após uma cirurgia de emergência devido a cálculos na vesícula –, para coletar, em nome da Santa Sé, os testemunhos dos denunciantes do ex-pároco de El Bosque.
“É muito gratificante e, em certo sentido, reparador que pessoas da Igreja nos convidem para podermos ser ouvidos e contar o que vivemos, e sentir que estão levando a sério as coisas que têm a ver com o abuso, com o encobrimento, com as dinâmicas de poder que marcaram o caso Karadima e também o caso Barros, e os bispos que estiveram no comando e não fizeram o que teriam que fazer”, afirmou o criador da Fundação para a Confiança.
A esse respeito, ele se manifestou confiante de que tanto Scicluna quanto Bertomeu, a quem ele qualificou como um homem empático, vão levar essa informação ao Vaticano e a entregarão a quem corresponda, para que sejam tomadas as medidas necessárias.
“Pelo que pudemos perceber, ambos são uma equipe muito próxima e que trabalha com a mesma mão, por isso parece que não há nenhuma mudança”, disse o profissional consultado sobre se percebeu que o resultado dessas diligências poderá variar, considerando-se que o prelado titular não poderia concluí-las.
Nesse sentido, Murillo destacou que, na conversa com Bertomeu, ele lhe indicou “como nos encontramos com uma Igreja que fechou as portas sistematicamente para nós, que se mostrou de uma forma tremendamente agressiva por muito tempo, e agora vem alguém de fora, Dom Scicluna e o Pe. Jordi, e nos mostram um rosto absolutamente diferente da Igreja”.
“Parece-me que isso é mais importante, e nós queremos continuar colaborando em todas as instâncias que nos requeiram. Temos muitos precedentes que já entregamos e queremos continuar entregando o que nos peçam, porque cremos e temos a certeza de que todas as pessoas no Chile que querem desenvolver sua fé e espiritualidade na Igreja Católica não têm por que ter medo de que, se forem abusadas, não terão o apoio de bispos que vão apoiar e acobertar os agressores, porque isso não pode continuar acontecendo. E isso nos enche de esperança.”
Finalmente, questionado sobre sua opinião a respeito da atitude dos cardeais Francisco Javier Errázuriz e Ricardo Ezzati, que não deram curso canônico às denúncias que, há anos, os fiéis abusados por Karadima apresentaram, Juan Andrés Murillo respondeu que “todo aquele que tem os antecedentes para investigar casos de abuso e não o faz é cúmplice e criminoso”.
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Chile. ''Sentir-se ouvido indica que este é um processo sério'', afirma vítima chilena após encontro com enviado papal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU