15 Fevereiro 2018
Sempre se disse que no Chile o caso do bispo de Osorno Juan Barros (ou seja, as acusações de ter participado de manobras para ocultar os abusos sexuais de seu mentor espiritual, o padre Fernando Karadima, processado e condenado) não pode ser considerado dissociado das duras críticas e da rejeição de boa parte dos fiéis da Diocese de Osorno contra o mesmo. Praticamente, há mais de três anos, ou seja, desde que o Papa, no dia 15 de janeiro de 2015, nomeou Barros como guia da diocese, não há domingo no que não tenha ocorrido protestos onde o bispo celebrou ou pregou.
A reportagem é publicada por Vatican Insider, 13-02-2018. A tradução é do Cepat.
Referindo-nos à delicada missão de dom Charles Scicluna (que estará no Chile no dia 20 de fevereiro), escrevemos: “Há, pois, várias questões estreitamente relacionadas entre si: uma, a verdade dos três denunciantes contra a verdade do bispo que se declara inocente, vítima de uma perseguição; a outra, ao menos a metade de uma comunidade diocesana que rejeita a nomeação de Barros, desde janeiro de 2015. Há três anos, na diocese se vive um clima insuportável e tudo isso faz parte do “caso Barros”. Nenhuma diocese pode resistir a um clima tão polêmico, de enfrentamento e, às vezes, violento, posto que acontece que, às vezes, entre os fiéis que criticam o bispo e a polícia que deve lhe proteger surgem escaramuças”.
Pois bem, antes de sua chegada tão esperada no país sul-americano (por onde o Papa passou recentemente), Scicluna reagiu com grande habilidade ao precisar enfrentar diferentes questões de sua delicada missão. Demonstrou de tal maneira tato e compreensão sobre a situação que, segundo o que se lê na imprensa local, conta com ampla simpatia e se tornou intermediário para que cheguem vários agradecimentos ao Papa Francisco. No Chile (assim como em outros países da América Latina), a missão do arcebispo maltês não se relaciona apenas com um caso específico. Esta presença do enviado papal se apresenta como o “rosto” do Papa que a grande maioria dos católicos deseja e espera, cinco anos após sua eleição como Pontífice. E não seria exagerado afirmar que, neste momento, está em jogo inclusive o grande carisma do Pontífice.
Dom Scicluna deu a entender que atuará com absoluta liberdade, sem se deixar condicionar pelos membros da hierarquia local, que no passado recente tiveram um peso enorme na visita do Papa. Muitos, além disso, consideram, com bases incontestáveis, que os momentos “obscuros” da peregrinação de Francisco ao Chile podem ser explicados pela excessiva confiança em alguns eclesiásticos chilenos que se ocuparam da organização da viagem, especialmente no âmbito das relações com a imprensa local.
Mario Vargas, um dos principais responsáveis do movimento diocesano leigo de Osorno que acusa Barros desde sua nomeação em 2015, há algumas horas, disse ao canal Tv13 que dom Scicluna, a quem enviaram uma carta, “respondeu-nos. Irá nos receber na Nunciatura de Santiago, no dia 21 de fevereiro. Isto demonstra que também nós, leigos de Osorno, estamos no radar do Papa e isto também se deve à nossa luta e mobilização. Estamos muito agradecidos a dom Scicluna, que aceitou se encontrar conosco”.
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Chile. Enviado papal Scicluna se reunirá com os leigos de Osorno - Instituto Humanitas Unisinos - IHU