Por: Jonas | 14 Fevereiro 2013
Fontes muito autorizadas, tanto do Vaticano como italianas, confirmaram que, ontem à tarde, o cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone, durante conversa com a delegação italiana, na Embaixada da Itália ante a Santa Sé, por ocasião da tradicional comemoração dos Pactos Lateranenses, anunciou que em breve será nomeado o novo presidente do IOR (Instituto para as Obras de Religião). Cargo vacante, desde maio de 2012, após a clamorosa demissão de Ettore Gotti Tedeschi, nomeado menos de três anos antes. Uma demissão que foi acompanhada pela demolição de sua figura humana e profissional, sem precedentes na história recente da Santa Sé.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 13-02-2013. A tradução é do Cepat.
Desta maneira, antes que se torne oficial o início da sede vacante (na fatídica noite do dia 28 de fevereiro, quando Bento XVI renunciará oficialmente seu Pontificado e deixará o Trono de Pedro) haverá algumas nomeações e entre elas se destaca, sobretudo, a do novo presidente do banco vaticano. É claro que se pode considerar como um sinal positivo o fato de que, após tantos meses de discussão e do processo de seleção tão atento para escolher os candidatos, finalmente se chega ao perfil do novo chefe do IOR, que, pelo que parece, não será italiano (talvez belga ou alemão).
Contudo, não há dúvidas de que o anúncio da nomeação não poderia vir num momento pior. Os fiéis do mundo todo estão sem respiro pelo gesto de Bento XVI, mesmo compreendendo suas razões, as mesmas que o Pontífice explicou em seu breve e histórico discurso, na segunda-feira de manhã. Eles se reúnem com afeto ao redor do Papa que se vai e rezam pelo Papa que virá. Os cardeais se perguntam sobre quem será seu sucessor, como é natural, após a surpresa de Bento XVI.
No entanto, nestas importantes e, em certo sentido, dramáticas semanas, em que a Igreja católica deve enfrentar a situação de um Papa que será “emérito”, a máquina curial procede com normalidade, apesar da evidente desorientação que reina, inclusive, dentro do Vaticano.
É verdade, pode-se dizer, que o Papa continuará em seu posto até o dia 28 de fevereiro, pois sua renúncia ainda não é oficial; é normal que seja assim. Claro. Entretanto, é muito mais do que legítimo perguntar se verdadeiramente o anúncio do novo presidente do IOR era tão urgente, tão indispensável assim, para chegar após o anúncio “choque” da renúncia papal.
Qualquer comparação com o passado pode ser banal, mas há alguns que lembram a avalanche de nomeações episcopais e de novos núncios anunciados pela Santa Sé, durante a agonia de João Paulo II. Entre as nomeações estava a do novo arcebispo de Manágua, a partir da qual o cardeal Miguel Obando Bravo se tornou “emérito” um pouco antes do Conclave. Nessa ocasião foi dito que, na realidade, eram nomeações decididas antecipadamente e que apenas precisavam ser anunciadas. A nomeação do novo presidente do IOR entra nesta categoria? Talvez sim. Contudo, o que surpreende é que um Pontificado como o de Bento XVI termine com uma nomeação (que, além de tudo, não é papal, mas que acontece a partir das indicações dos cardeais) como a do novo presidente do banco vaticano.
Trata-se de um instituto que se encontra no olho do furacão em razão dos diferentes escândalos verdadeiros, e muitos outros falsos, que, seja como for, não teve uma boa presença. A Secretaria de Estado, seguindo indicações do Papa, trabalhou muito durante os últimos anos pela transparência, como demonstra todo o trabalho certificado pelo Moneyval. Um instituto que possui todo o direito de ter um novo presidente. Todavia, era tão indispensável nomeá-lo após o anúncio da renúncia do Papa? O que mudaria se a nomeação viesse daqui a um mês?
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O Papa renuncia e o IOR terá um novo presidente em breve - Instituto Humanitas Unisinos - IHU