Por: Jonas | 14 Agosto 2012
Os números que dão conta dos jovens envolvidos no conflito bélico, atravessado pela Colômbia, espantam. Nesse país, ao menos 18 mil menores de idade fazem parte de organizações armadas e cerca de 100 mil estão ligados indiretamente com elas, segundo relatório oficial, que será publicado esta semana, e que ontem foi antecipado pela imprensa colombiana. Os menores são geralmente recrutados quando têm 12 anos e integram tanto os grupos guerrilheiros – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Exército de Libertação Nacional (ELN) – como bandos paramilitares e do chamado crime organizado, sustenta a investigação. A maioria é constituída de varões (57%), mas o recrutamento de meninas cresce em grande velocidade, sustenta o documento que inclui testemunhos de vários menores.
A reportagem é publicada pelo jornal Página/12, 13-08-2012. A tradução é do Cepat.
O relatório “Como cordeiros entre lobos” será apresentado, na quarta-feira, na sede do estatal Instituto Colombiano do Bem-estar Familiar (ICBF). No entanto, ontem, suas principais conclusões foram publicadas pelo jornal bogotano “El Tiempo”. Trata-se de uma investigação realizada por uma equipe de mais de oitenta pessoas, que trabalhou ao longo de quatro anos e que sistematizou, pela primeira vez, as circunstâncias do recrutamento de menores de idade por essas organizações. De acordo com o documento de cento e vinte páginas, todas as crianças recrutadas provêm do setor mais pobre da sociedade colombiana, que equivale a 12,6% da população total do país. Em 69% dos casos, sua origem é rural e seus pais são camponeses, embora o recrutamento em áreas urbanas cresça aceleradamente, sendo já dezessete vezes maior que há quatro anos, adverte o trabalho.
Em média, também, a cada três anos esses menores haviam emigrado ou foram deslocados, forçadamente, antes de ingressar nos grupos armados. Por outra parte, o trabalho destaca a extrema vulnerabilidade dos povos indígenas, cujas crianças, afirma, possuem 674 vezes mais possibilidades do que outras crianças de ser diretamente atingidas pelo conflito armado ou de serem recrutadas.
O relatório assegura que ao lado dos “não menos de 18 mil” menores, que fazem parte dos grupos armados, “num sentido mais amplo” existem “umas 100 mil crianças e adolescentes” vinculadas com “setores da economia ilegal ou diretamente controlada por grupos armados ilegais e organizações criminais”. Na escalada da violência que há anos açoita o país latino-americano, ontem, o ministro da Defesa da Colômbia, Juan Carlos Pinzón, de Cali começou a coordenar a resposta das forças públicas ao recente aumento dos ataques das Farc em uma área do sudoeste do país, da maneira como ordenou o presidente Juan Manuel Santos.
Nos últimos meses, as Farc vêm desenvolvendo uma ofensiva no departamento de Cauca, que notavelmente foi aumentada em inícios de julho. Depois de dias de relativa calma, desde quinta-feira, os atentados com explosivos intensificaram-se, o que motivou Santos a instruir Pinzón e os comandantes de todas as forças militares para se deslocarem a Cali, capital do departamento Vale de Cauca, para coordenar as medidas de segurança.
Pinzón chegou nessa cidade depois que morreu um policial e que dois ficaram feridos devido à explosão de uma bomba escondida em uma moto, no município El Tambo, em Cauca. O ministro se reuniu com autoridades regionais e depois disse, em uma roda de imprensa, que as forças de segurança enfrentam “uma bárbara escalada terrorista e criminal das Farc”, que busca “atingir civis por meio dos atentados com explosivos contra torres de condução de eletricidade”.
De sua parte, o comandante das forças militares, general Alejandro Navas, afirmou que entre quinta-feira e sábado as Farc atacaram dezesseis torres, deixando milhares de habitantes, do Vale de Cauca e do vizinho departamento Nariño, sem energia elétrica. Segundo o ministro, a presença das forças de segurança colombianas, na área, possibilitou a apreensão de 150 granadas que pertenciam a sexta frente das Farc. Revelou que, num combate, a armada abateu três membros da organização guerrilheira e capturou seis, dois deles feridos, em uma área rural de Buenaventura, o principal porto colombiano no Oceano Pacífico, no Vale de Cauca. Pinzón comentou que os membros do grupo guerrilheiro foram responsáveis por alguns dos atentados cometidos, nas últimas horas, contra a infraestrutura elétrica.
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As crianças soldados na Colômbia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU