Por: André | 23 Julho 2012
A história militar está repleta de batalhas legendárias e sangrentas pelo controle de colinas, montanhas e edificações. Uma altura deve ser defendida com afinco porque desta pode depender a vitória ou a derrota. No entanto, os recentes acontecimentos na montanha de Las Torres de Toríbio, no departamento de Cauca, talvez seja um sinal positivo sobre a evolução do conflito colombiano. As experientes tropas do Exército foram expulsas por indígenas aramados com paus e pedras. Depois, a montanha foi recuperada por policiais do esquadrão móvel antichoque com gás lacrimogêneo. Estamos acostumados a ver policiais lutando contra protestos em cidades, mas policiais tomando a cassetete uma montanha de interesse militar ocupada por civis desarmados, não é comum e menos ainda se há guerrilheiros e militares na vizinhança.
A reportagem é de Joaquín Villalobos e está publicada no jornal espanhol El País, 19-07-2012. A tradução é do Cepat.
Se esquecermos a história, este fato pode ser interpretado como algo grave, mas em um país de matanças e violência brutal, isto é especial e novo. A mistura de interesses de moradores civis para viver em paz, com os das FARC por restabelecer seu domínio militar, mais os do Estado por consolidar sua autoridade, poderia estar abrindo uma conjuntura com mais características político-sociais que militares.
Que os habitantes destas comunidades se atrevam a se mobilizar num protesto em um entorno de guerra, é um indicador de perda do medo e também um sinal de progresso democrático. Sem dúvida, uma parte deles responde politicamente às FARC, mas enquanto não estejam armados são civis com direito ao protesto social; o uso proporcional da força e, sobretudo, o diálogo com eles é o democraticamente correto. Significa tudo isto que a segurança e a guerra civil na Colômbia estão piorando? Pelo contrário, significa que poderia estar se abrindo uma oportunidade para que o conflito termine.
A razão principal da violência foi a ausência do Estado na Colômbia rural profunda. Atualmente, as FARC realizam a maior parte de suas operações militares em territórios controladas por décadas, ou seja, que suas ações são agora estratégica e moralmente defensivas. Para o Estado se estabelecer nessa Colômbia rural profunda é, de alguma medida, a última fase do conflito. Isto implica desafios que já não são apenas militares. A presença do Estado deve adquirir sentido para os que sempre estavam esquecidos, não importa se são bases da guerrilha. Parece estar cobrando força uma nova situação em que tanto o Estado como os guerrilheiros necessitam disputar mentes e corações, e essa luta é mais eficaz sem tiros. A inédita batalha pela montanha de Las Torres tem um pouco disso.
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A luta indigena na Colômbia. A batalha pela montanha de Las Torres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU