20 Julho 2012
O presidente Santos afirmou que estava disposto a dialogar com as comunidades originárias do departamento de Cauca se estas cessassem as hostilidades. Os índios exigem a retirada dos militares e dos guerrilheiros do seu território.
A reportagem é do jornal Página/12, 19-07-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, autorizou nessa quarta-feira o diálogo do Executivo com os índios do departamento de Cauca com a condição de que cessem as agressões contra as forças de segurança. No entanto, ao menos 23 índios ficaram feridos nessa quarta-feira nesse departamento em um confronto entre nativos e os policiais antichoque que os desalojaram.
O novo enfrentamento se afasta da possibilidade proposta pelo presidente da Colômbia pela manhã. Santos afirmou que o seu governo estava disposto a dialogar com os índios, se estes cessassem as hostilidades. "O ministro do Interior (Federico Renjifo) está autorizado a abrir uma mesa de diálogo com os índios quando cessarem as agressões", escreveu ele em sua conta no Twitter.
Durante o dia, o presidente adiantou que irá estimular uma investigação contra os líderes indígenas que desalojaram nessa quarta-feira as tropas militares em Toribío, norte do Cauca, ação que ele qualificou como inaceitável. "Não vamos permitir ataques contra os nossos soldados. Tudo tem um limite. Nossos soldados foram humilhados. Nossos inimigos não são os índios, mas sim os terroristas das FARC", disse Santos, reiterando que irá aumentar a força nesse departamento. O presidente também pediu que sejam freadas as ações violentas contra os soldados após avisar que os fatos constituem condutas penais.
Enquanto isso, no Cauca, a situação se complicou nessa quarta-feira, quando efetivos de um esquadrão antichoque da Polícia Nacional desalojou os índios e retomou o controle do cume do cerro Berlín, em uma operação que, segundo o dirigente indígena Sigifredo Pavi, deixou 23 feridos, entre eles uma pessoa baleada. O comandante policial dessa região, general José Nieto, disse que a situação era normal no cerro após a ação dos agentes. "Fez-se o ingresso das forças públicas na área em um golpe tático de acordo com as nossas unidades", explicou Nieto.
O ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, indicou que o Ministério Público irá iniciar uma investigação na região para proferir ordens de captura contra aqueles que realizaram "esse atropelo" contra as forças públicas. Cerca de mil nativos haviam subido na terça-feira o cerro Berlín, na jurisdição do município de Toribío. A ação obrigou os soldados a se moverem em diversos pontos, segundo informou o comandante da terceira divisão do Exército, general Miguel Pérez, que explicou que a prioridade para eles é conservar a posição na altura do cerro, que lhes permite "manter o controle de Toribío". Pérez foi removido do cargo nessa quarta-feira, que agora é ocupado por Jorge Alberto Segura Manonegra.
Anteriormente, o comandante da Força-Tarefa Apollo, general Jorge Jerez, havia dito que existe "um trabalho conjunto entre os guerrilheiros e os índios para remover as tropas". As autoridades indígenas negaram a denúncia, embora admitiram que alguns integrantes da comunidade se alistaram nas fileiras das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. A mobilização dos nativos da comunidade Páez em Cauca começou na semana passada, como parte de uma campanha para excluir dos seus territórios as duas partes do conflito armado que assola a Colômbia há cinco décadas.
A essa situação em Toribío somou-se outro foco no município de Caldono, departamento de Cauca, onde um índio foi morto enquanto caminhava a curta distância de uma unidade militar. A Terceira Divisão do Exército assinalou em um comunicado que a morte do índio ocorreu no marco de uma operação militar "para neutralizar qualquer pretensão terrorista contra a comunidade".
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Diálogo e cassetetes aos índios do Cauca - Instituto Humanitas Unisinos - IHU